Rua do Relho (actual rua de Vila Flor). |
A rua do Relho é a que desce, pelo
lado do nascente, do actual largo Bernardo Valentim Moreira de Sá para Couros.
Antigamente, era por ela que se chegava ao Palácio de Vila Flor. Depois da
chegada do comboio, em 1884, até à abertura da Avenida do Comércio, actual D.
Afonso Henriques, ficaria, durante vários anos, no principal caminho de
acesso à estação do caminho-de-ferro, que atravessava o campo do Minhoto. Era tida
como rua de pouca importância, ao ponto do Eng.º Almeida Ribeiro, ao delinear as
suas propostas de melhoramentos urbanos encomendadas pela Câmara de Guimarães
em 1863, ter sugerido que esta artéria fosse desprezada, rasgando-se uma nova com a
mesma direcção, mais ampla e de traçado mais regular. Como facilmente percebe
quem a atravessa hoje, o projecto de Almeida Ribeiro nunca foi concretizado.
Está longe de ser clara a origem
do nome desta rua. Relho é o nome que se dava a diversos tipos de fivelas;
também aparece na expressão popular “velho e relho”, com o significado de muito
velho. Algures, encontrei a expressão “chegar ao relho”, como sinónima de “chegar
ao rego” e com um sentido algo libidinoso, que facilmente se percebe. Seguindo
por esta via, relho seria rego, e no lugar do relho, que é onde a rua termina,
na sua cota mais baixa, corre um “rego” de água, o rio de Couros. Mas, à falta
de melhores fundamentos, esta é uma hipótese meramente especulativa. De
qualquer modo, no último quartel do século XIX, a rua do Relho já tinha novo
nome: rua de Vila Flor, que é o que hoje está inscrito na sua placa toponímica.
Senhor da Boa Esperança e da Boa Sentença, do oratório da rua do Relho. |
Mais ao menos a meio desta rua,
à direita para quem a desce, está implantado um oratório dedicado ao Senhor da
Boa Esperança e da Boa Sentença. Não se sabe ao certo quanto foi erguido. O
padre António Caldas, nos seus Apontamentos,
informa que foi restaurado em 1754, a expensas dos moradores da rua, e em 1875,
numa iniciativa de Luciano Joaquim da Costa “coadjuvado pelos vizinhos e outros
devotos”. Na sequência deste restauro, no dia 16 de Maio de 1875, entre o
estralejar de fogo de artifício e o som da banda de música dum tal Jacinto
Maneta, foi benzido a imagem de Cristo crucificado que se pode ver no interior
do oratório. Por uma notícia dada por João Lopes de Faria nas suas Efemérides Vimaranenses, o Senhor da Boa
Esperança da rua do Relho chegou a ter direito a arraial próprio, como o que
aconteceu no dia 28 de Maio de 1865, em que a festa, com iluminação, fogo preso
e duas bandas de música, durou até à meia-noite.
No local onde a rua encontra o
rio de Couros, o atravessamento fazia-se por uma ponte estreita em pedra, que
ainda lá se encontra. Junto dela, havia um moinho. Não há mais.
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