As Poesias de António Lobo de Carvalho (29)


Ao mesmo Matos, queixando-se dos rigores da sua Olaia.

  

Para que chamas falsa, e fementida
À bela Olaia, Matos embusteiro?
Hás-de querer à força ser primeiro,
Se ela vê que não tens modo de vida!

Como há-de ela gostar de ser querida,
Se tu ora pastor, ora barqueiro,
De poeta, escrivão e cavaleiro
Fazes uma mixórdia confundida?

Nada, amigo; se queres que ela caia,
Não lhe mandes miminhos de poeta,
Dá-lhe o manto, o sapato, a meia, a saia:

Este é de amor a escola mais discreta;
E assim escusas de ir atrás de Olaia
Toda a vida a gemer, feito um pateta.

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