As Poesias de António Lobo de Carvalho (25)


Ao Padre Macedo elogiando a Zamperina em uma Ode discretíssima.



Soa no sacro monte uma buzina,
Ajuntam-se os antigos escritores,
Mostra-lhe Apolo cheio de furores
A ode do Macedo à Zamperina:

Virgílio pasma, Homero não atina,
Sufoca-se de mágoas e rancores;
Já Sannazaro diz: “Votem, senhores,
Acudamos depressa a esta ruína!”

Vários votos se dão ao delinquente;
Que seja pelas ruas apupado...
Porém não quer Apolo, nem consente:

Mandam enfim, que seja tosquiado,
Que use de cabeleira, ou de crescente,
E da ópera a desterro condenado.

A Zamperina deste soneto é Ana Zamperini, prima dona, cantora cómica de Veneza, que chegou a 1770 à frente duma companhia de cómicos italianos, por quem o padre Macedo (entre outros) se perdeu de amores.

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