Ao Padre
Macedo elogiando a Zamperina em uma Ode discretíssima.
Soa no sacro monte uma buzina,
Ajuntam-se os antigos escritores,
Mostra-lhe Apolo cheio de furores
A ode do Macedo à Zamperina:
Virgílio pasma, Homero não atina,
Sufoca-se de mágoas e rancores;
Já Sannazaro diz: “Votem, senhores,
Acudamos depressa a esta ruína!”
Vários votos se dão ao
delinquente;
Que seja pelas ruas apupado...
Porém não quer Apolo, nem
consente:
Mandam enfim, que seja tosquiado,
Que use de cabeleira, ou de
crescente,
E da ópera a desterro condenado.
A Zamperina deste soneto é Ana
Zamperini, prima dona, cantora cómica
de Veneza, que chegou a 1770 à frente duma companhia de cómicos italianos, por
quem o padre Macedo (entre outros) se perdeu de amores.
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