FR. LUÍS DA NATIVIDADE, Franciscano
da província de Portugal, Lente de Escritura, e Guardião do convento de
Guimarães. — Foi natural de Pinhel, e morreu em Lisboa no ano de 1656.—E.
Divindade do
Filho de Deus humanado, Jesus Christo, redemptor e salvador do mundo, mostrada
nos encomios divinos com que a egreja catholica a festeja nos dias clássicos de
suas solemnidades. Com uma declaração sobre o pellote d'el-rei D. João I de boa
memória, intitulada: Retrato de Portugal castelhano. Offerecido a el-rei D.
João 1V nosso senhor. Lisboa,
por Lourenço de Anvers 1645. Foi. de VIII-576 pág. — Os vinte e cinco discursos
ou encómios (como lhe chama o autor) que se compreendem neste livro,
findam a pág. 443: as páginas que decorrem de 444 a 576 são preenchidas com os
copiosíssimos índices das coisas notáveis, autoridades da Escritura, etc. etc.
Pelas licenças se vê que o volume estava no prelo desde o princípio de 1640,
posto que só viesse a concluir-se a impressão em Janeiro de 1645.
Comprei um exemplar
desta obra, que é mui pouco vulgar, por 1:200 réis. A segunda parte prometida
no prólogo, e que Barbosa afirma chegou a achar-se corrente com as licenças
para a impressão, ficou inédita até hoje, se porventura se não extraviou, ou
perdeu de todo, como parece mais provável. Fr. Luís da Natividade declara na
sua dedicatória a el-rei D. João IV, que ele fora o que oferecera a sua majestade
“no princípio da sua venturosa restituição ao reino” um livro das plantas e
desenhos das fortalezas de Portugal situadas na costa desde Galiza até Sevilha;
e bem assim dois Livros da fazenda real de Portugal e da índia; trabalhos
do secretário Luís de Figueiredo Falcão, já finado a esse tempo, e tio dele oferente;
o que tudo el-rei recebeu com mostras de grande satisfação, etc. — Do primeiro
e terceiro destes livros não sei que feito fosse: porém o segundo acha-se hoje
impresso por ordem do governo (Vej. neste volume o n.° L, 521); se da sua lição
resultar, como creio, utilidade e proveito aos estudiosos, justo é que não
ignorem que a Fr. Luís se deve a conservação de tal preciosidade.
Dicionário Bibliográfico Português, de Inocêncio Francisco da
Silva, continuado e ampliado por Pedro V. de Brito Aranha, Tomo V, Imprensa
Nacional, p. 310-311
FR. LUÍSDA
NATIVIDADE (v. Dicc, tomo v, pág. 310).
Na descrição da rara
obra Divindade do Filho de Deus humanado saiu inadvertidamente declaração
em vez de declamação.
No Comércio do
Porto, n.° 229,
de 22 de Setembro de 1870, publicou o erudito escritor bracarense Fernando
Castiço, hoje falecido, um extenso folhetim acerca de Frei Luís da Natividade
e do Sermão do pelote, proferido em 1638 em defesa da pátria, sermão
“admirável de exposição e linguagem, e esplêndido de energia e patriotismo”. Aí
se dão estas indicações:
“Frei Luís da
Natividade, natural de Pinhel, foi frade franciscano a quem as virtudes e o
saber elevaram a guardião do convento de Guimarães e a lente de escritura
sagrada. As horas que lhe sobravam da cadeira do ensino, e das obrigações do
convento, empregava-as o bom do frade em escrever a obra a que chamou Divindade
de Jesus Christo humanado, e que ofereceu a el-rei D. João IV.” … “Era
costume antigo expor diante da Senhora da Oliveira, em Guimarães, no dia 14 de
agosto de cada ano, o Pelote de D. João I atravessado na própria lança do
mesmo rei. Havia festas, músicas, missa, procissão e sermão: assistia o
cabido, a câmara e o povo.
“Festejava-se a
grandiosa vitória de Aljubarrota; e é bem provável que grande número de
portugueses sem pátria e sem rei, corresse como quem se aliviava das penas e
desgraças do presente, a ouvir falar das felicidades e das grandezas do passado
— quando frei Luís subia ao púlpito em 1638”. O Sermão do pelote anda na
primeira parte da Divindade, única que se imprimiu, como já ficou
mencionado.
Dicionário Bibliográfico Português, de Inocêncio Francisco da
Silva, continuado e ampliado por Pedro V. de Brito Aranha, Tomo XVI, Imprensa
Nacional, p. 51-52
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