Efeméride do dia: Salteadores de Braga falham assalto em Arosa


7 de Abril de 1835
À meia-noite os ladrões tentaram assaltar de surpresa uma casa na freguesia de Arosa, mas a polícia de Ataíde, prestes aos primeiros sinais, pelas enérgicas ordens que tinha recebido do provedor do concelho, tomando as mais previdentes medidas, com o apoio da polícia das freguesias imediatas e de algum povo do termo de Guimarães, acudiram tanto a tempo que impediram o roubo, além de fazerem aos salteadores um ferido gravemente, que se diria ser o chefe da matilha, que comandava por uma corneta, e prenderam alguns ao retiraram-se, noutros pontos distantes. Os facínoras debandaram em continente, levando apenas duas cavalgaduras de um almocreve de outra freguesia próxima, que conduziram pela serra do Carvalho de Esta, onde foram encontrados pela polícia de Ferreiros, que já então havia tomado aquela passagem, sendo-lhe retomadas as duas cavalgaduras; eles com o abrigo da noite puderam escapar. Eram 68 pertencentes a Braga, e 18 aos seus arredores; foram presos 6 e um corneta, mas destes morreram 2 pela gravidade dos seus ferimentos (do registo da cadeia de Guimarães consta a entrada de 4.) Eles inculcavam-se tropa o que testemunhavam pelo traje de alguns e pelos atavios militares que traziam outros, cingindo o comandante uma banda com os mais uniformes competentes.
(João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 18 v.)

Com a vitória definitiva dos liberais liderados por D. Pedro, em 1834, a insegurança das populações manteve-se, por força das acções de bandos de salteadores, muitos deles formados com antigos integrantes das milícias que combateram durante a guerra civil que assolou Portugal entre 1832 e 1834. Eram particularmente temidos os facinorosos ladrões e assassinos que se acoitavam às portas de Braga, na Falperra. Alguns desses malfeitores eram militares, como era o caso os que estiveram envolvidos na tentativa de assalto em Arosa, no dia 7 de Abril de 1834. No dia seguinte, quatro deles chegaram a Guimarães, depois de terem sido presos em Braga: eram todos militares.
Entre os mais célebres bandoleiros que, por aqueles anos agitados, actuavam em terras de Guimarães, destacam-se o famigerado Padre Lombela (padre João António de Oliveira, egresso do convento de S. Francisco, tendo como religioso usado o nome de Frei João de Santa. Teresa de Jesus, do casal da Lombela, em S. Torcato) e o Pena (José da Silva), antigo soldado do Regimento de Infantaria 15, que em 1836 pertencia ao Regimento 18, que exercia as artes de salteador desde o tempo das invasões francesas.

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