20 de Abril de 1846
De manhã principiaram a
armar-se alguns indivíduos da Rua de Couros e andaram a procurar armas por casa
dos polícias e, depois de terem engajado mais alguns indivíduos da vila, saíram
na direcção de Braga, indo armados de armas e ganchos e levando um tambor adiante
a tocar, dando vivas e repicando os sinos de S. Pedro. De tarde vieram alguns
guerrilhas dos que estavam na Falperra para levarem pólvora e balas para os
revoltosos. A vila conserva-se em sossego apesar de não ter autoridades e estar
sujeita a qualquer resultado da anarquia em que se achava o concelho. Neste dia
se soube nesta vila que tinha havido em Braga, no dia 18, muito fogo, havendo
muitos mortos, principalmente da parte dos revoltosos que tinham ido atacar a
tropa dentro da cidade, assim como também se soube que tinha entrado no dia
antecedente a tropa que se dizia vir para esta vila, dirigindo-se sobre aquela cidade
a maior parte dos povos revoltosos da província. Nesta mesma noite tornaram a
entrar nesta vila os indivíduos da Rua de Couros que tinham saído na manhã
deste dia na direcção de Braga. PL
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 53)
No dia 20 de Abril de 1846, apesar
de algum sossego, mais aparente do que real, a revoltada Maria da Fonte já se
manifestava em vila de Guimarães. No interior rural do concelho e nos
arrabaldes da vila, os revoltosos iam conquistando aderentes. Na vila, foram
moradores da Rua de Couros os primeiros a aderirem à revolta, saindo de
Guimarães, ao som de um tambor e o dos sinos do Toural. Estavam para vir logos
meses de desassossego.
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