Campo da Feira, Guimarães. À direita, o Teatro D. Afonso Henriques. |
No Dia Mundial do Teatro, revisitámos algumas memórias do teatro
em Guimarães. Começámos por um pequeno texto que o Abade de Tagilde publicou na
Revista de Guimarães de 1902 (número que assinalou Gil Vicente e os 400 anos do
teatro português), em que faz a relação dos dramaturgos e dos teatros de Guimarães,
das origens aos finais do século XIX.
TEATRO
VIMARANENSE
Fazendo
corte ao criador do Teatro português, vem a propósito consignar neste número da
Revista não só os nomes dos escritores seus conterrâneos que legaram às
letras algumas produções teatrais, como os dos teatros que em diversas épocas
têm funcionado em Guimarães.
Francisco
Vaz. Escreveu: “Obra
novamente feita, da muito dolorosa morte e paixão de N. Senhor Jesus Christo”. Este Auto, impresso pela
primeira vez em Lisboa, 1559, teve muitas outras edições.
Manoel
Tomás. Faleceu em 1665, deixando manuscritos 4 autos sacramentais
e 5 comédias, cujos títulos não são mencionados pelos bibliógrafos.
José António
Cardoso de Castro. Verteu para português a tragedia de Congreve “A Noiva de luto”. Lisboa, 1783.
Visconde
de Pindella. Escreveu: “Uma Vingança”. Drama em 4 actos. Porto, 1855.
António
Joaquim de Oliveira Cardoso. Faleceu em 1885, deixando manuscritos: “D. Nuno em Neiva”; em 5 actos, verso heróico.
– “D. Maria Telles”; tragedia em 4 actos. - “ A Virgem do Campo “. - “( Egas
Moniz”. - “A Pena de morte”; em 6 actos cada um. - “Lágrimas e Risos”; em 4 actos. “ A Cruz do Outeiro”; em 2 actos. - “ A seducção mallograda”; drama-comédia
em 2 actos.
O drama
A Virgem do Campo foi representado a primeira vez em 1859. Antes não foi
levada à cena nenhuma outra produção do autor.
Valentim
Brandão Mureira de Sá Júnior, hoje Valentim Moreira de Sá
Menezes. Escreveu: “Sombras e luz”; drama em 3 actos. Braga, 1863. - “ A Virgem do Campo”; drama em 1 prólogo,
3 actos e 1 quadro.
Petrópolis, 1868. - “Ultimo
Acto”; drama em 1 acto, 1867.
José
de Freitas Costa. Escreveu: “Por
causa d'um ensaio “; comédia em 1 acto. Porto, 1866. - “Quem tem capa sempre escapa”; provérbio
em 1 acto. Porto, 1871.
Antonio
José Ferreira Caldas e Nicolau Máximo Felgueiras. Escreveram: “Saudade.
Episodios d'um reinado”; drama em 4 actos. Porto, 1870.
João
Luís Gomes Guimarães. Escreveu: “D. Affonso Henriques”; drama em 6 actos.
Porto, 1876.
Conde
de Arnoso. Escreveu: “Suave Milagre”, mistério em 4 actos e 6 quadros.
Lisboa, 1902.
*
No
artigo Teatro publicado pelo falecido rev. António Caldas no vol. I, pags. 152 e seguintes, do seu GUIMARÃES, apontamentos para a sua história, encontra-se
a enumeração dos teatros, que tem havido em Guimarães, à qual acrescentámos os
que posteriormente se edificaram, formando a seguinte nota:
Teatro
dos cómicos ambulantes, funcionando no seculo XVII. - Teatro à Torre dos Cães
(Senhora da Guia), 1769. Teatro Tojeira, 1796. - Casa da Ópera, 1819. - Teatro
Vila Pouca, 1841. - Teatro de S. Francisco, J 849. - Teatro D. Afonso Henriques, 1855. - Teatro de
Variedades, 1880. - Teatro do Largo do Retiro, 1881. - Novo Teatro de
Variedades, 1881. - Teatro Gil Vicente, 1882. - Salão Artístico Vimaranense, 1884.
Abade OLIVEIRA GUIMARÃES.
João Gomes de Oliveira Guimarães (Abade de Tagilde),
in Revista de Guimarães, n.º 19, Guimarães, 1802, pp. 97-98.
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