P. DUARTE DE SANDE, Jesuíta, cujo instituto professou na
casa de S. Roque de Lisboa em 1562. Depois de ter sido Mestre de retórica no colégio
de Coimbra, partiu para a Índia em 157'8, e aí viveu por mais de vinte anos,
sendo sucessivamente Reitor dos colégios da Companhia em Baçaim e Macau, e
Superior da Missão da China. — Foi natural da vila, actualmente cidade, de
Guimarães, e morreu em Macau a 22 de Junho de 1600. —E.
Itinerário de
quatro Príncipes japoneses, mandados á Sanctidade de Gregorio XIII, e de tudo
quanto lhes succedeu até se restituirem ás suas terras. Macau, no Collegio
da Companhia 1590. 4.º.
Tal é a indicação da
obra portuguesa deste autor, de que Barbosa nos dá notícia, e que da sua Biblioteca
passou copiada (ao que parece) para o pseudo Catalogo da Academia,
para a Biblioth. Asiatique de Temaux-Compans, e para a Bibl. Lus.
Escolhida de J. Augusto Salgado. Não há porém entre estes bibliógrafos
algum que se acuse de a ter visto; nem memória de que jamais aparecesse algum
exemplar dela em local conhecido. Existe na verdade outra obra do mesmo
assumpto, escrita em latim, e pelo referido padre, que, conforme a judiciosa
observação do sr . Figaniere (na sua Bibliogr. Hist. n.° 1641), e que já
antes dele alguém tinha feito, poderia ocasionar o qui pro quo de
Barbosa, levando-o a transcrever em português o título da obra latina. Este é
como se segue: De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam, rebusque
in Europa, ac totum itinere animadversus Diálogos ex ephimeride ipsorumL
egatorum colledus, & in sermonem latinum versus ab Eduardo de Sande,
Sacerdote societatis lesu. In Macaensi portu Sinici regnum domo in Societatis
lesu. Cum facultate ordinarij & superiorum. 1590. 4.° de VIII-412 pág.,
e mais 24 no fim sem numeração que compreendem o índice. — Dela existem
exemplares na Biblioteca Nacional, e no Arquivo da Torre do Tombo, impressos em
papel da China.
Devo contudo advertir, que António de Morais Silva na Relação
dos Livros e autores de que se serviu na composição do seu Dicionário, aponta
também o Itinerário de Duarte de Sande. Porém a sua autoridade acha-se neste
caso enfraquecida pelas muitas inexactidões em que incorreu, dando na dita
relação como portugueses alguns livros, conhecidamente escritos em castelhano,
etc. Assim, só poderia merecer credito se no corpo do Dicionário alegasse
alguma vez com exemplos colhidos do Itinerário, como costuma nas suas
autorizações de vocábulos: ora tendo eu feito algum exame a este respeito, não
achei uma só citação neste sentido. Isto não quer dizer que não a haja, e que
por ventura me escapasse: entretanto subsiste a dúvida, ou quase certeza em que
estou, de que a obra de Duarte de Sande nunca se imprimiu em português.
Segundo Brunet, no Manuel du Libr. a obra acima citada
De Missione liegatorum é tida por muito rara, e passa por ser a primeira
que se imprimiu em Macau. Ao menos não há notícia de outra mais antiga. Diz ele
que um exemplar encadernado em marroquim fora vendido por 6 £ 6 sh.
Dicionário
Bibliográfico Português,
de Inocêncio Francisco da Silva, continuado e ampliado por Pedro V. de Brito
Aranha, Tomo II, Imprensa Nacional, pp. 216-217
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