Luz para um dia de cinza

Hoje comecei o dia a ler o que vai aí abaixo e, nos meus olhos, a manhã cinzenta e turva tornou-se, subitamente, luminosa. Não fui eu que escrevi o que agora partilho, mas asseguro-vos que também saiu de mim.



é que essas pedras todas que por aí andam a atirar cheios de sis tão sós e nada ensolarados, para já ainda só nos conseguiram acertar nos tornozelos. e nós temos muito mais do que pés para continuarmos a andar. e é com eles que cantamos, sim, mas a dor com que os torcemos enquanto nos desviamos de alguns calhaus rasteiros um pouco mais prenhos de morte que os outros leva um longo caminho até chegar à voz com que a devolvemos: aí já o corpo a diluiu de tal forma que, às vossas pedras, ao vosso amargo, acabaremos sempre a responder com rebuçados. doces, redondos, compactos rebuçados bem certeiros na direcção das vossas testas quadradas.

é que além de termos andado a treinar os dotes para a doçaria, também tivemos muito tempo para aperfeiçoar a pontaria.
 
Encontrado aqui: plano desfocado

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