Guimarães, segundo Craesbeeck (3)



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3. Das portas que acima fizemos menção são: a primeira de Santa Bárbara, mais vizinha do castelo; sucede a estrada régia para a ponte de Mem Guterres, vulgarmente chamada de Domingos Terres; comunicação para as terras de Basto, Barroso, e outras mais de Trás-os-Montes; a porta de S. António, chamada de Garrida, segunda em ordem e primeira na situação da nova muralha, começada pelo Senhor Rei D. Afonso, 3.º Conde de Bolonha: via régia para a ponte de Donim, comunicação para as terras de Lanhoso, S. João de Rei e Bouro (primeira via de Adriano que penetrava o Reino de Galiza); a porta de Santa Luzia, segunda em ordem da nova muralha, correspondente à ponte de S. João, por outro nome Pedrinha, estrada pública para a cidade de Braga, Ponte de Lima, e mais terras desta província; a quarta porta, intitulada de S. Domingos, terceira em ordem da nova muralha, via régia para a ponte de Cervas, cita entre os confins de Guimarães e Barcelos, por onde se comunicam ambas, e se penetram as terras daquela vila e as da Maia, e mais circunvizinhas; a quinta porta é o postigo de S. Paio, caminho público para a ponte de Negrelos e Real, a dita para a cidade do Porto, e demarcação de seu distrito; o qual postigo se abriu depois da muralha, como se diz na “Corografia Portuguesa” e ultimamente se abriu mais no ano de 1725, com licença Régia; a sexta porta é da Torre Velha, correspondente à ponte das Caldas, comunicação para as Terras de Ferreira, e outras da Comenda do Porto; a sétima é a do Campo da Feira, correspondente à ponte de Pombeiro, divisão e comunicação de Felgueiras, Amarante, e ultimamente a de Santa Cruz ou Freiria, correspondente à ponte de Bouças, via vulgar que comunica para os julgados de Roças, Vila-Boa, Ribeira de Soas e outras circunvizinhas. As cinco primeiras vadeiam o Ave; as três últimas o Vizela; todas em distância de quatro léguas de largo, e seis de comprido, em que se aperfeiçoa a forma oval, sem alteração à circunferência, e sem advertirem a licença de algumas pontes, que não confundem o círculo, nem lhe mudam a forma.


(in Francisco Xavier da Serra Craesbeeck, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre-Douro-e-Minho no ano de 1726, Edições Carvalhos de Basto, Lda., Barcelos, 1993,p. 83)
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