No dia 1 de Dezembro de
1640, o Duque de Bragança, D. João, foi proclamado rei de Portugal, colocando-se
fim a sessenta anos de união dinástica em que em Portugal reinou a dinastia
filipina. No dia 10 de Dezembro, ainda não tinha chegado a Guimarães
comunicação oficial acerca da restauração da independência e da proclamação de
D. João IV como rei de Portugal. Em reunião realizada na Câmara, no dia 10 de
Dezembro, o Juiz de Fora defendeu que “convinha esperarem carta do novo governo
para em tudo seguirem a ordem que lhes dessem”. Mas “nobreza e povo,
juntos em uma voz, aclamaram e disseram que não era necessário esperar outra ordem”.
Real, real, viva Dom João o quarto, rei
de Portugal!, gritou-se então das varandas da casa da Câmara de Guimarães.
Aqui fica a transcrição, com ortografia actualizada, da acta da sessão de 10 de Dezembro de 1640:
Aos dez dias do mês de Dezembro de mil e seiscentos e quarenta anos nesta vila de Guimarães. na Câmara dela estando, aí presente o doutor Pantaleão de Sousa, Juiz de Fora com alçada nesta dita vila, e Estêvão Machado, vereador, e bem assim Manuel Machado de Miranda, Capitão-mor desta dita vila, com a nobreza e povo dela, que já se tinham juntado na dita Câmara, por terem já aberta a parte da dita Câmara antes deles Juiz e vereador chegarem, aclamando por Rei deste reino a Dom João quarto, Duque de Bragança, e pelo dito Juiz lhes foi proposto que ate o presente não tinha esta Câmara carta dos governadores novamente eleitos, nem outra ordem superior por onde pudessem fazer e aclamar novo Rei, somente tinham uma carta da Câmara da Cidade do Porto, com a cópia da Carta que diziam tiveram dos governadores novamente eleitos, as quais Cartas ele dito Juiz leu em voz alta, que todos entenderam, e propondo-lhes que convinha esperarem carta do novo governo para em tudo seguirem a ordem que lhes dessem e a dita nobreza e povo, juntos em uma voz, aclamaram e disseram que não era necessário esperar outra ordem e queriam imitar em tudo as cidades de Lisboa e do Porto e logo em vozes altas aclamaram por rei ao dito dom João e pelo dito Capitão-mor tangendo no sino da Câmara se pôs à janela dela aclamando por Rei ao dito senhor, dizendo real, real, viva Dom João o quarto, rei de Portugal e as mesmas palavras repetiram a nobreza e povo e, por não estarem presentes os dois vereadores Pero Cardoso de Meneses e Afonso Martins de Macedo, não saíram em a provisão, mas logo à tarde vieram os ditos vereadores e assentaram que amanhã às duas da tarde se juntassem nesta Câmara e a gente nobre para dela saírem a dar graças e mandaram se pusessem luminárias pelas janelas desta vila e arrabaldes e mandaram repenicar os sinos e relógio e fazer outras demonstrações de alegria e assinaram Gregório de Amaral, escrivão da Câmara, o escrevi. Sousa. Meneses. Miranda. Macedo.
Aqui fica a transcrição, com ortografia actualizada, da acta da sessão de 10 de Dezembro de 1640:
Aos dez dias do mês de Dezembro de mil e seiscentos e quarenta anos nesta vila de Guimarães. na Câmara dela estando, aí presente o doutor Pantaleão de Sousa, Juiz de Fora com alçada nesta dita vila, e Estêvão Machado, vereador, e bem assim Manuel Machado de Miranda, Capitão-mor desta dita vila, com a nobreza e povo dela, que já se tinham juntado na dita Câmara, por terem já aberta a parte da dita Câmara antes deles Juiz e vereador chegarem, aclamando por Rei deste reino a Dom João quarto, Duque de Bragança, e pelo dito Juiz lhes foi proposto que ate o presente não tinha esta Câmara carta dos governadores novamente eleitos, nem outra ordem superior por onde pudessem fazer e aclamar novo Rei, somente tinham uma carta da Câmara da Cidade do Porto, com a cópia da Carta que diziam tiveram dos governadores novamente eleitos, as quais Cartas ele dito Juiz leu em voz alta, que todos entenderam, e propondo-lhes que convinha esperarem carta do novo governo para em tudo seguirem a ordem que lhes dessem e a dita nobreza e povo, juntos em uma voz, aclamaram e disseram que não era necessário esperar outra ordem e queriam imitar em tudo as cidades de Lisboa e do Porto e logo em vozes altas aclamaram por rei ao dito dom João e pelo dito Capitão-mor tangendo no sino da Câmara se pôs à janela dela aclamando por Rei ao dito senhor, dizendo real, real, viva Dom João o quarto, rei de Portugal e as mesmas palavras repetiram a nobreza e povo e, por não estarem presentes os dois vereadores Pero Cardoso de Meneses e Afonso Martins de Macedo, não saíram em a provisão, mas logo à tarde vieram os ditos vereadores e assentaram que amanhã às duas da tarde se juntassem nesta Câmara e a gente nobre para dela saírem a dar graças e mandaram se pusessem luminárias pelas janelas desta vila e arrabaldes e mandaram repenicar os sinos e relógio e fazer outras demonstrações de alegria e assinaram Gregório de Amaral, escrivão da Câmara, o escrevi. Sousa. Meneses. Miranda. Macedo.
(Vereações da Câmara de
Guimarães, livro 9, fl. 168)
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