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Quando falta um mês da para a
conclusão das obras, o Toural já mostra a sua nova configuração. A intervenção
em curso tem feito correr muita tinta e gerado discussões apaixonadas, em que
muitas vezes têm sido esgrimidos argumentos contraditórios com a realidade que
se pode observar no terreno: que iam transformar o Toural num “deserto” de
granito, que lhe iam tirar as árvores, que deviam deixar o Toural como ele
“sempre foi”.
E, em vez da monotonia granítica, vamos vendo que o novo Toural se vai fazendo com granito, mas também com muito quartzo, algum basalto, bastante calcário, e até - um luxo! - não pouca pedra lioz.
Quanto às árvores, basta contá-las: as que lá se plantaram agora são mais do que aquelas que existiam no Toural antes do começo das obras. É certo que ainda são de pouco porte, mas esse é um problema que só o tempo resolverá. Haja paciência, que as árvores são jovens e ainda têm muito para crescer.
Já o desejo de se voltar a ter o Toural como ele “sempre foi”, não será, nunca seria, possível realizar, porque o Toural já foi várias coisas diferentes, já mudou de rosto umas quantas vezes: foi campo aberto, foi jardim fechado, foi jardim aberto, foi com árvores, foi sem árvores, foi terreiro, foi sem mosaico, foi com mosaico. E, nas muitas mudanças, grandes e pequenas, de que foi alvo ao longo do século XX, a polémica esteve sempre presente. E só poderia ter sido assim, ou não fosse o Toural o coração da cidade.
A compleição que o Toural manteve durante mais tempo foi a de campo desimpedido, cercado de casas a norte e a poente, com a face exterior da muralha de Guimarães a fechar o lado nascente e com o chafariz quinhentista a rematar o topo virado a sul. Em finais do século XVIII, princípios do XIX, o pano de muralha que delimitava o Toural, mais a torre da Porta da Vila foram apeados, para no seu lugar se erguer a magnífica frente edificada a que chamamos de pombalina (neste ponto, imagino a senhora D. Maria I, a quem chamaram a Louca, lá por onde andará, a proclamar, como só uma rainha será capaz de proclamar: “Pombalina é a tua tia!”).
As obras actualmente em curso não nos vão devolver o Toural como ele “sempre foi”, nem como terá sido algum dia. O que teremos não será uma reconstrução do passado, mas sim a criação de um rossio que será do século XXI sem renegar a memória, devolvendo à praça mais emblemática da nossa cidade a grandeza que um dia lhe justificou o cognome de sala de visitas de Guimarães.
Tempos havia em que alguns, olhando para o Toural tal como o conhecemos durante a maior parte do século XX, manifestavam a sua nostalgia pelo aspecto que tinha tido antes, quando era um jardim gradeado, fechado e inacessível a boa parte dos vimaranenses; agora, outros - que, às vezes, até são os mesmos - lamentam o desaparecimento do Toural tal como ele era antes das obras que agora se fazem. E não será preciso ser adivinho para prever o que irá acontecer daqui a umas quantas décadas, quando se decidir voltar a mudar o Toural: não faltará então quem erga a sua voz indignada para defender que não se deve mexer na praça, porque sempre a conheceu assim. Porque o homem tem memória curta e tende a acreditar que sempre existiu aquilo que ele se habituou a conhecer.
Sempre é uma palavra que se deve usar com moderação. Sempre.
E, em vez da monotonia granítica, vamos vendo que o novo Toural se vai fazendo com granito, mas também com muito quartzo, algum basalto, bastante calcário, e até - um luxo! - não pouca pedra lioz.
Quanto às árvores, basta contá-las: as que lá se plantaram agora são mais do que aquelas que existiam no Toural antes do começo das obras. É certo que ainda são de pouco porte, mas esse é um problema que só o tempo resolverá. Haja paciência, que as árvores são jovens e ainda têm muito para crescer.
Já o desejo de se voltar a ter o Toural como ele “sempre foi”, não será, nunca seria, possível realizar, porque o Toural já foi várias coisas diferentes, já mudou de rosto umas quantas vezes: foi campo aberto, foi jardim fechado, foi jardim aberto, foi com árvores, foi sem árvores, foi terreiro, foi sem mosaico, foi com mosaico. E, nas muitas mudanças, grandes e pequenas, de que foi alvo ao longo do século XX, a polémica esteve sempre presente. E só poderia ter sido assim, ou não fosse o Toural o coração da cidade.
A compleição que o Toural manteve durante mais tempo foi a de campo desimpedido, cercado de casas a norte e a poente, com a face exterior da muralha de Guimarães a fechar o lado nascente e com o chafariz quinhentista a rematar o topo virado a sul. Em finais do século XVIII, princípios do XIX, o pano de muralha que delimitava o Toural, mais a torre da Porta da Vila foram apeados, para no seu lugar se erguer a magnífica frente edificada a que chamamos de pombalina (neste ponto, imagino a senhora D. Maria I, a quem chamaram a Louca, lá por onde andará, a proclamar, como só uma rainha será capaz de proclamar: “Pombalina é a tua tia!”).
As obras actualmente em curso não nos vão devolver o Toural como ele “sempre foi”, nem como terá sido algum dia. O que teremos não será uma reconstrução do passado, mas sim a criação de um rossio que será do século XXI sem renegar a memória, devolvendo à praça mais emblemática da nossa cidade a grandeza que um dia lhe justificou o cognome de sala de visitas de Guimarães.
Tempos havia em que alguns, olhando para o Toural tal como o conhecemos durante a maior parte do século XX, manifestavam a sua nostalgia pelo aspecto que tinha tido antes, quando era um jardim gradeado, fechado e inacessível a boa parte dos vimaranenses; agora, outros - que, às vezes, até são os mesmos - lamentam o desaparecimento do Toural tal como ele era antes das obras que agora se fazem. E não será preciso ser adivinho para prever o que irá acontecer daqui a umas quantas décadas, quando se decidir voltar a mudar o Toural: não faltará então quem erga a sua voz indignada para defender que não se deve mexer na praça, porque sempre a conheceu assim. Porque o homem tem memória curta e tende a acreditar que sempre existiu aquilo que ele se habituou a conhecer.
Sempre é uma palavra que se deve usar com moderação. Sempre.
17 Comentários
Quanto às previsíveis deformações no piso, como resultado do crescimento das árvores, são isso mesmo: previsíveis e, tanto quanto sei, previstas. A ideia será mesmo essa, que o chão junto das árvores "enrugue" com o seu envelhecimento, prevendo-se as necessárias intervenções de reposição das pedras do mosaico que de tal venham a necessitar.
Passeios: Toural sul e junto á Docélia, simplesmente banais, e sem qualquer encanto ou beleza.
Tentação de "parar" em cima do novo piso, vai ser mais que muita...
Desenho do Toural visível apenas das sacadas.
Carros da Marcha, e não só, vão se ver pequeninos, junto á Muralha.
Apenas algumas das possíveis "falhas" da obra.
Ou seja, mais duas esplanadas, o que a confirmar-se, dará ainda mais beleza á praça.
Se a praça já era um local apenas de "velhos" e "futeboleiros" e mesmo assim poucos, agora a situação vai ainda piorar.
Sem árvores, e com um mobiliário urbano assustador, quem vai continuar a ganhar, é o S.Francisco e o Continente.
De resto, deixemo-nos de coisas, a nova centralidade urbana, vai continuar a ser -e cada vez mais- o centro histórico, ou seja Largo da Oliveira e Praça de S.Tiago.
Com o arranjo dos edificios da bonita Rua da Rainha, e outros espaços, e com as muitas ofertas de cafetaria com esplanadas, a tertúlia de Guimarães cada vez será maior no casco velho da cidade.
De todo modo, espero que o Toural consiga recuperar algum encanto, o que acredito, vai ser bastante dificil...
A questão das árvores no Toural é uma falsa questão. Até porque as que existiam no Toural não tinham grande utilidade enquanto fornecedoras de sombra aos que por lá estacionavam. Recordo que os bancos do jardim não ficavam abrigadas pelas árvores, estando completamente expostos ao Sol. As árvores que serviam de abrigo aos que ali conversavam de futebol e das notícias do dia são as que se situavam no lado voltado a sul. E aí vamos ter mais do que as que existiam antes.
A ver vamos.
Como é possivel aquele espaço ainda ter trânsito?
Chega-se ao ridículo de nem aos fim-de-semana retirar os carros daquela zona.
Mesmo durante alguns espectáculos, o trânsito roda por lá.
Simplesmente anedótico.
Haja CORAGEM para acabar com esse flagelo da zona intra-muros, e já!
Os turistas, nacionais e estrangeiros, ficam de boca-aberta, quando chegam aquele espaço, por vezes quetionam mesmo as pessoas.
Enfim, não sei por espera a CMG, talvez um dia...
João Xavier
Carros fora do centro-histórico. Já!
Apareçam por aí as primeiras petições, e serei o primeiro a assinar.
Alguem dê o primeiro passo.
Sempre atento á realidade de Guimaraes.
Continue, por favor, com mais "posts" desta Guimarães atual.
Os vimaranenses atentos, agradecem.
Talvez aí, a "coisa" melhore...
Foi na zona do campo da feira.
Isto é apenas um aviso para o Toural, e não só.
É urgente começar desde já, começar a tomar medidas, ou seja, pensar na colocação de "mecos" em zonas de risco do Toural, senão...