As celebrações afonsinas de 1911 (5)



Nas festas Gualterianas de 1911, transformadas em "festa cívica", ia celebrar-se "aquele que com a sua espada de conquistador traçou os domínios à terra portuguesa". Os republicanos de Guimarães comemoravam, mais do que o fundador da Monarquia, o fundador de Portugal.

Festa cívica
Comemora-se a passagem do 8.º centenário de Afonso Henriques, o fundador da nacionalidade portuguesa

Não será — ah, por certo! — não será  uma celebração de ruído nacional, grande e apoteótica, mas será, como é mister, uma festa cívica de alta e magnânima significação patriótica. Assim o querem os filhos de Guimarães, porque é a eles a quem não se perdoa que percam o admirável ensejo de saudarem no primeiro português a Pátria libertada pela República.

Como será essa manifestação? Primeiramente cumpre à comissão delegada e desde já, fazer chegar ao povo por meio de palestras e conferencias a grande lição de história que se assinala. Nas escolas elementares e superiores, será louvável que os mestres em linguagem e exemplos assimiláveis expliquem às crianças e aos moços, não os “factos mais notáveis” da lenga-lenga compendiada, mas alguma coisa que desenhe as épocas na sua civilização e nos seus costumes, alguma coisa que, sendo simples, belo seja pelos naturais efeitos a colher mais tarde no impressionável espírito da mocidade.

Feito isto, como preparo indispensável para que a celebração não seja vazia de sentido, sirva a festa Gualteriana pela nua garridice e entusiasmo tudo o mais que lícito seja vir a fazer-se, tais como, para complemento solenizador, um cortejo cívico com os seus carros e os seus estandartes demonstrativos e solenes.

Julgam-no também assim e assim o querem os vimaranenses?

Por certo.

Vamos, pois; solenizemos a passagem do 8.º centenário de D. Afonso Henriques, o 1.º rei da lusa gente, é certo, mas também aquele que com a sua espada de conquistador traçou os domínios à terra portuguesa.

Alvorada, 6 de Maio de 1911

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