As celebrações afonsinas de 1911 (11)




O Centenário de D. Afonso Henriques

Esta pena, com que escrevo, quando se trata do bem da minha terra, não se preocupa com as cores azul e branca ou verde-rubra dos dois partidos em que, actualmente, se acha dividida a família portuguesa.

Há actos que não me dou ao trabalho de condenar, porque a sua condenação está na censura unânime das consciências rectas e dos espíritos esclarecidos, despidos de preconceitos.

Nem eu, nesta visita provisória que faço à tribuna da imprensa, me proponho apreciar o estado da política do  nosso querido Portugal, no actual momento histórico.

Tinha que fazer!...

O meu fim ó tão somente colaborar com os meus conterrâneos na homenagem devida ao inclito Vimaranense, honra da nossa terra e glória da nossa pátria — D. Afonso Henriques.

E como o meu desejo consiste em que todos nos unamos para que o centenário resulte brilhante, digno do herói que se comemora e da terra briosa que o realiza, eu prefiro à censura que separa o elogio que congrega e estimula.

Quanto a mim, entre tudo o que vamos fazer para celebrar o VIII centenário do nascimento de D. Afonso Henriques, há uma obra importante, que ocupa um lugar primacial, porque é permanente, e que me satisfaz plenamente pelo que há nela de artístico e de bom gosto.

Refiro-me à colocação da magnifica estátua, que o génio de Soares dos Reis produziu, na ampla e linda praça do Toural.

Aquilo, ali, já é um monumento que honra a terra que o erigiu.

A figura atlética do rei conquistador, que até agora se acanhava ante a grandeza da Penha, que lhe servia de fundo, levanta-se majestosa no meio da linda praça.

E esta obra, que não pode deixar de agradar aos que desejam o embelezamento da nossa querida terra, foi levada a efeito exactamente no ano em que vamos comemorar o centenário do ilustre Fundador da nossa nacionalidade.

Feliz coincidência!

Eu não posso deixar de louvar os que realizaram essa obra; e os meus louvores são tanto mais sinceros quanto é certo que eu não sou um correlegionário — sou antes de tudo e acima de tudo um homem que deseja observai- sempre este princípio de justiça—dar o seu a seu dono.

X.

O Comércio de Guimarães, 21 de Julho de 1911


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3 Comentários

Anónimo disse…
A requalificação, ou arranjo urbanítico, ou lá como lhe queiram chamar, da zona do Largo Valentim M.Sá, onde param os TUG, são um verdadeiro atentado ao bom gosto dos vimaranenses...
Arranjo, feio, porco e mau, muito mau, só visto!
Alguém anda a brincar.
Vão lá para ver.
Julgo que o arranjo ainda não está completo, pelo que me parece um pouco precipitado ter opiniões tão definitivas, com as quais eu, que sou vizinho do Largo Bernardo V. Moreira de Sá, pelo que já se vê, estou longe de comungar. Mas esta é só a minha opinião, e vale o que vale.
Anónimo disse…
Falta apenas a paragem-Coberto dos Tug.
Todo o resto vai ficar tal como está.
Por acaso sei de fonte segura.
Conheço, muitas pessoas indignadas com o espaço, mas enfim...

Cumprimentos.