Para tudo há um tempo

Há um tempo para tudo, e cada coisa tem o seu tempo debaixo do céu.
Um tempo para nascer e um tempo para morrer;
um tempo para plantar e um tempo para arrancar.
Um tempo para matar e um tempo para curar;
um tempo para destruir e um tempo para construir.
Um tempo para chorar e um tempo para rir;
um tempo para o lamento e um tempo para a dança.
Um tempo para atirar pedras e um tempo para as apanhar;
um tempo para o abraço e um tempo para o soltar.
Um tempo para buscar e um tempo para perder;
um tempo para guardar e um tempo para deixar.
Um tempo para rasgar e um tempo para coser;
um tempo para calar e um tempo para falar.
Um tempo para o amor e um tempo para o ódio;
um tempo para a guerra e um tempo para a paz.
(Eclesiastes 3, 1-8)

Ao longo de quase dois anos, fui lendo os sinais (estava num posto de observação privilegiado, que me permitia ir observando do lado de fora, mas também, um pouco, do lado de dentro). Longo foi o tempo para a paciência, na expectativa de que acontecesse o que era imperativo acontecer. Depois, foi o tempo para a impaciência: não tinha sido aquilo que nos tinham prometido e tivemos que o dizer, repetidamente, até sermos escutados. Algumas coisas já mudaram, outras nem por isso. A Capital Europeia da Cultura com que sonhámos, num sonho que sei que era partilhado por muitos, já ficou para trás. Irremediavelmente. O que vamos ter em 2012 vai ser grandioso e entusiasmante, certamente, mas não vai ser a mesma coisa.

Sei bem que, muitas vezes, quando o terreno foge debaixo dos pés de quem tem as responsabilidades maiores, a corda acaba por romper para o lado mais fraco. No caso, para o lado dos responsáveis pela programação. Não quero contribuir para tal. Pela minha parte, já foi o tempo de falar, este é o tempo para o silêncio. Agora, cansado me confesso, será o tempo de não remar contra a correnteza.

As contas, essas, fazem-se no fim.

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8 Comentários

Cidadão com dúvidas disse…
Caro Amaro,
a sua posição é nobre. Certamente, todos os vimaranenses lhe agradecem, porém, não posso deixar de recordar o nosso poeta maior.

"Matar o sonho é matarmo-nos. E mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego
Caro Cidadão Com Dúvidas,

Não há grande nobreza nisto, nem motivos para agradecimentos. O que há é cansaço e sentimento de impotência.

Os últimos, e inesperados, desenvolvimentos, apenas serviram para acrescentar as minhas dúvidas. Fico com a estranha sensação de déjà vu: temo que na próxima semana se volte a dar a ideia de que estará tudo resolvido de novo, porque, finalmente, a FCG já terá feito o que se esperava que fizesse, ficando assegurada a transferência de boa parte do orçamento da programação para A Oficina. Temo também que, mais uma ou duas semanas andadas, estejamos no mesmo: mais problemas a saltarem para as notícias, de novo a afirmação de que, afinal, a FCG não fez o que tinha a fazer. E assim sucessivamente, para vergonha de todos nós. Já se percebeu que a raiz dos problemas está na manifesta incompetência do CA da FCG para coordenar um processo com esta dimensão. A falta de capacidade de liderança na estrutura da FCG é inversamente proporcional ao talento de verbalização de quem a dirige. Considero absolutamente incompreensível que, numa fase tão crucial como a que vivemos, com assuntos fundamentais por resolver e com a apresentação das linhas de programação pelos diferentes programadores em encontros com a população, a primeira responsável da CEC tenha optado por sair de cena, deixando segundas figuras a dar o peito às balas. Há uma evidência que salta aos olhos: a atribuição da presidência da FCG foi um colossal erro de casting. Já todos o perceberam, basta atentar no que dizem os nossos responsáveis políticos de todos as áreas. A decisão de retirar a maior fatia da programação da FCG para A Oficina é esclarecedora. Só aconteceu porque deixou de se reconhecer à estrutura da Fundação competência e capacidade para executar as tarefas para as quais foi criada. Em aqui chegando, sendo claro que se quebrou a confiança, fica difícil de entender por que razão a presidente da Fundação ainda não colocou o seu lugar à disposição de quem a nomeou. Será défice de percepção da realidade?

Pela minha parte, mantém-se o desencanto. As críticas a que dei voz foram-me sempre dolorosas, por perceber que era a imagem de Guimarães que estava em causa. Foram sempre reflectidas e amadurecidas, com a preocupação de salvar o que ainda era passível de ser salvo. Confesso que não estava à espera de vê-las classificadas como tricas resultantes de mera rabugice. Pediram-nos paciência, mas já não sou capaz de mais paciência.

Aguardo, curioso e expectante, pelos próximos desenvolvimentos. Mas não alimento grandes expectativas.

Oxalá me engane.
Maria das Dores disse…
Caro Amaro:

O processo que nos trouxe até aqui, desde o conteúdo dos estatutos FCG, escolhas de programadores,opções de contratatualização em part-time, fidelidades caninas a amigos incompetentes e corruptos e infelidades sistemáticas ao projecto, à cidade e ao país, revelam que a Dr. Cristina Azevedo é manifestamente incapaz para o cargo que ocupa. Até ela, no seu íntimo, o sabe. De facto, esta senhora, não tem estatura intectual e humana para liderar um projecto desta envergadura. A entrevista encomendada que dá ao Expresso do Ave revela um perfil de comportamento muito particular : mente descaradamente, empurra responsabilidades(que são dela) para outros membros do C.A, nomeadamente para o Prof. João Serra, mas também para os programadores, num percurso sinuoso que tem como objectivo manter-se cá aconteça o que acontecer. Qualquer pessoa com alguma dignidade já teria tomada a única posição possível - demissão.
Não contem com isso: esta senhora será indigna quanto fôr necessário para permanecer.
A CEC2012 realizar-se-á APESAR dela, mas já é uma oportunidade perdida para Guimarães. Um dia será recordada como uma NÓDOA que manchou de forma indelével o sonho de uma cidade.
Tem razão Dr. Amaro das Neves, já não há paciência. As palavras já estão gastas.
Resta o silêncio carregado de sentido
Maria do Socorro disse…
Há um tempo para tudo, e cada coisa tem o seu tempo debaixo do céu.
É o tempo de arrancar.
É o tempo para matar
É o tempo para destruir
É o tempo para chorar
É o tempo para o lamento
É o tempo para atirar pedras
É o tempo de soltar o abraço
É o tempo para perder
É o tempo para deixar
É o tempo para rasgar
É o tempo para falar
É o tempo para o ódio
É o tempo para a guerra
Porque nos feriram de morte – é o tempo de renascer
Tina Azevedo disse…
Chamem a polícia.... au...au..au
Chamem a polícia.....que eu não saio!!!!!


P.S. - não me consumam que estou de férias!!
Zé da Fisga disse…
Tens razão,oh Maria do Socorro. Não podemos permitir que as Tinas e as Dinas continuem a rir-se de quem lhes paga salários milionários. É tempo de correr com essa gente,porque ela não vai embora pelo seu pé. Se for preciso, que seja à pedrada.

Contem comigo e com a minha fisga certeira.
João das Pedras disse…
Concordo com o que diz Maria das Dores: a Cristina Azevedo chuta para canto tudo o que é responsabilidade, tudo o que é problema, seja para os programadores, elementos da FCG ou outros. Foi só ver, na sessão com a Fátima Campas ( sim, que nos veio cá ajudar a enterrar), como a Caz. empurrou para o Prof. João Serra as questões que a ela lhe eram dirigidas. Isto chama-se traição.
Pelo contrário com aqueles da sua cáfila, Dina da fresca ribeira, que não pode trabalhar porque não sabe, ( mas ele é por causa da enxaqueca, das alergias .. ui.. ui que mal que eu estou) e Susana Ranho que hoje deve estar a limpar a baba ao filho, orgulhoso pelo contributo que deu ao património financeiro da família por via dos 90 mil do conderto do Bob M.,já CAZ faz-se de cega, parva e tudo. Deixa correr o marfim e assobia para o lado.
Não estamos habituados a gente desta e já não temos idade para adquirir maus hábitos.

Como diz M Socorro e Zé das Fisgas, nem que seja à pedrada, é tempo de os correr daqui para fora.
Cidadão com dúvidas disse…
Caro Amaro,
Continuo a afirmar a nobreza da sua posição. Reconhecer e prever as consequências das nossas acções é sempre uma qualidade. Saber parar também, mais ainda quando parece ser a única voz que deseja ser ouvida. Estranhamente observo instituições como o CAR e a Convívio em silêncio. Compreendo que estejam presos por um milhão de euros, mas fazem parte de um núcleo crítico da cidade e fazem falta a este debate.
O nosso presidente está num estado de incompreensível destempero. Quem o ouviu a rematar um dos encontros da semana passada, fica certamente abismado. Mais ainda quando depois ouvimos as suas declarações na Assembleia Municipal. Se ele deseja despedir a presidente do CA da Fundação que o faça de uma vez. Faz lembrar o outro que diz “Agarrem-me senão eu mato-o”. Qual será o receio que o assombra? Isto até pode ser bom para ele. Demite-se em conjunto com a Tininha e depois já se pode recandidatar a mais 4 anos.
As críticas públicas que lhe tem dirigido são imensamente injustas. Mais ainda quando lemos o jornal Público de sábado e vemos, tal como o resto do país, afirmações como “agora é a machadada final” qual filme de terror rasca. Triste tudo isto.
Também concordo que nada acontecerá. Existe uma máquina muito poderosa por detrás das personagens CEC 2012. Olhemos para o concerto do Bobby Mcferrin. Quem diria que teríamos a plateia tão composta? E que bem que essa mesma plateia acompanhava o artista? Em uníssono, qual Outro projecto da comunidade(este concerto foi apresentado pelo cluster Comunidade, não esqueçamos) E alunos da ESMAE? uns quantos, provavelmente tiverem desconto de estudante, de associado, etc. Questões: será possível sabermos quanto foi apurado de bilheteira? E convites, quantos foram distribuídos? Cheira-me que terão sido bastantes. Nesta fase ter uma audiência de mil pessoas numa sala para 3 mil seria um fiasco. Vai ser esta a política a seguir? E as receitas de bilheteira revertem a favor de quem? FCG, AEESMAE, Tempo Livre? Quem? Porquê que ainda temos de fazer estas perguntas? Porquê que ninguém torna isto transparente? Talvez seja transparente, mas então porquê que não parece ser?
Na Fundação existe liderança, encapuzada mas existe. Liderança imposta. A Oficina entrou neste processo quando o mesmo estava já deturpado. Foi uma forma do CA FCG se desresponsabilizar.
Seria injusto não mencionar que o concerto foi Bom, não foi excelente, mas foi Bom. O artista é impar e foi uma oportunidade única para ver um ícone deste género. Mas também acredito que qualquer associação de estudantes do xico ou do liceu faria um trabalho igual ao da AEESMAE.
A ver vamos. Aguardamos pelos próximos episódios.