Guimarães, ponte sem rio…


O etnógrafo e historiador Alberto Vieira Braga fornece-nos a interpretação para um dos mais conhecidos ditados, e respectivas variantes, relativos a Guimarães:

1. Em Guimarães - Ponte sem rio. Sé sem Bispo, Palácio sem Rei e Roma sem Papa.1

Há quem acrescente a este dizer, mas não tão usualmente: e gente sem lei. 2
Ou também:

2. Em Guimarães - Sé sem Bispo, Ponte sem rio, Palácio sem Rei e Relação sem Desembargadores. 3

1 Ponte sem rio — a ponte de Santa Luzia; Sé sem bispo — a Colegiada da Oliveira, a que o povo, dantes, chamava Sé; Palácio sem rei — em alusão aos Paços dos Duques de Bragança; Roma sem papa – lugar assim chamado, que fica para os lados da estrada de Fafe.

2 Gente sem lei – talvez pelos muitos privilégios e liberdades concedidos a Guimarães, sendo uma terra que muitíssimas garantias usufruiu.

3 Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal, vol. 3.0, pág. 355. Relação sem desembargadores - será porque dantes, aos baixos da Câmara, lhes chamassem relação?

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- Deixei pois a estalagem,
Por não haver pilhagem:
Vim a Guimarães logo
Para dar à minha ânsia desafogo;
Chego à ponte sem rio,
E indo-me estou agora por um fio.
(Guimaraens Agradecido, tomo II, pág. 373)

(Alberto Vieira Braga, "Guimarães no costado dos seus títulos de honra, na graça dos poetas e nas ditangas do povo". Ethnos, vol. VIII, Lisboa, 1948, pp. 100 e 105-106)

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