A estátua que representa D. Afonso Henriques, que hoje se encontra na colina do Castelo de Guimarães, a que o povo noutros tempos chamava "Rei Preto", resultou de uma iniciativa cívica, lançada em 1882 a partir do Brasil pelo vimaranense João Alves Pereira Guimarães, então residente naquele país, numa carta que dirigiu à Câmara Municipal, que aqui fica:
“Ex.mo Snr. Presidente e mais membros da Il.ma Câmara Municipal da Cidade de Guimarães, Reino de Portugal.
Rio de Janeiro 17 de Julho de 1882 (Brasil).
Guimarães, o berço da Monarquia Portuguesa, deve dívida sagrada de gratidão, de reconhecimento e patriotismo, ao primeiro Rei e fundador da Monarquia Lusitana D. Afonso Henriques.
As nações cultas da Europa, tem pago as dívidas de honra aos seus excelsos Monarcas e grandes cidadãos, e os portugueses, especialmente os filhos da histórica cidade de Guimarães, ainda não projectaram ao menos, o mais evidente e mais santo e sagrado penhor de patriotismo português, dando impulso e realce aos projectos de grandioso monumento do glorioso guerreiro, que é a mais brilhante página da nossa história pátria e do cristianismo, como guerreiro Cristão. Sendo a Câmara Municipal o governo do Concelho, dirijo-me a V. Exa. e seus ilustres colegas da vereação a fim de tomarem a iniciativa para darem princípio aos trabalhos da grande subscrição, para ser levado a efeito o monumento – que deve ser inaugurado na praça do Toural ou em qualquer outra própria, para o mesmo fim. Se a estrada de ferro, vai dar importância à cidade de Guimarães, minha terra natal, a estátua de seu dilecto D. Afonso Henriques, moralmente vai dar-lhe honrarias e progresso civilizador. Avante! pois, dai mais uma prova de patriotismo pela pátria e por suas gloriosas tradições históricas.
Tome V. Exa. e seus ilustres colegas, a iniciativa de tão honroso cometimento, tenho fé que o levarão avante. Seja a Câmara Municipal de Guimarães, a comissão central em Portugal, e nomeie comissões parciais – no Reino – África e Brasil –. Só do Brasil pode obter-se a importância em donativos para a compra do Monumento em bronze fundido. Tomando V. Exa. e seus ilustres companheiros da Câmara Municipal cm consideração esta patriótica ideia, o abaixo assinado filho da cidade de Guimarães, promete levantar por meio da imprensa desta Capital do Império do Brasil, o espírito patriótico dos portugueses, com artigos publicados nos jornais da capital e províncias. Forneço a V. Exa. todos os dados, assim como, os nomes dos Portugueses e Brasileiros distintos – creio, aceitarão de bom grado as comissões, para agenciar donativos na Corte do Rio de Janeiro, e províncias do Império Brasileiro. Formada a Comissão geral em Guimarães, mandam V. Exa. imprimir circulares, que exponham as sublimes ideias patrióticas e pedindo o auxílio de todos para tão notável e patriótico fim.
Comissão geral no Rio de Janeiro. Conde de S. Salvador de Matosinhos, Português, Barão de Wildich, Consul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Conde de Cedofeita, português, Barão de S. Francisco Filho, Brasileiro amigo dos portugueses, Barão do Rio Bonito, idem, Visconde de Sistelo – Português, Barão de Misquita, idem, Visconde de St." Cruz, Brasileiro idem, Visconde de Silva, idem, Visconde de S. Tiago de Riba d'Ul, Português, Conselheiro Leonardo Caetano de Araújo, Português, Visconde de Arcozelo, Português, Barão de Faria, Português, Visconde de S. Cristóvão, Português, Visconde de S. Bernardo, Português, (morador em Petrópolis, Rio de Janeiro), Barão de Ribeiro de Sá, Português, Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, Conselheiro Senador do Império e amigo dos Portugueses, Conselheiro Jerónimo José Teixeira Júnior, Senador Conselheiro Manuel Francisco Correia, senador do Império, Deputados dr. Duque Estrada Teixeira, dr. Fernandes de Oliveira, Deputados Gerais. São todos amigos dos portugueses: seguem-se Comendador João Tomé da Silva, Comendador Joaquim Bernardino Pinto Machado, Comendador Joaquim José Rodrigues Guimarães, Comendador Manuel Salgado Zenha, Ernesto Cibrão, Elísio Mendes, redactor da “Gazeta de Notícias”, Dr. Castro, redactor do “Jornal do Comércio”, Comendador Gomes Brandão, redactor do “Cruzeiro”, João Alves Pereira Guimarães, redactor da “A Nação Portuguesa”, Comendador Agostinho Maria Correia de Sá. Comendador António Tomaz Pereira Júnior, Comendador António José Ricós, Jezué Senador Correia de Melo, Brasileiro, Barão de Guararema, idem, Comendador António Tomaz Quartins, Comendador Simão de S. Paio Leite, José Leite de Figueiredo, Comendador João José Martins de Pinho, Comendador Dr. João Baptista dos Santos (B), Comendador Heleodoro Avilino de Sousa Monteiro, Comendador António Maria de Paula Ramos, Comendador José Marcelino de Sá, Comendador Domingos Moutinho, Luís de Resende, Vítor Ressi, Henrique Ressi, Comendador Dr. António Alves Ferreira, Joaquim José Rodrigues Machado, Comendador António Alves Pereira Curuja Júnior (B), Dr. João António de Oliveira Magioli (B), Augusto Ferreira de Sousa, João Alves da Silva, Dr. Custódio Américo dos Santos, etc.”
in Manuel Alves de Oliveira, "O centenário de uma estátua e a sua história", Boletim de Trabalhos Históricos, Vol. XXXVIII, 1987, p. 1-23, Arquivo Municipal Alfredo pimenta, Guimarães, 1987.
“Ex.mo Snr. Presidente e mais membros da Il.ma Câmara Municipal da Cidade de Guimarães, Reino de Portugal.
Rio de Janeiro 17 de Julho de 1882 (Brasil).
Guimarães, o berço da Monarquia Portuguesa, deve dívida sagrada de gratidão, de reconhecimento e patriotismo, ao primeiro Rei e fundador da Monarquia Lusitana D. Afonso Henriques.
As nações cultas da Europa, tem pago as dívidas de honra aos seus excelsos Monarcas e grandes cidadãos, e os portugueses, especialmente os filhos da histórica cidade de Guimarães, ainda não projectaram ao menos, o mais evidente e mais santo e sagrado penhor de patriotismo português, dando impulso e realce aos projectos de grandioso monumento do glorioso guerreiro, que é a mais brilhante página da nossa história pátria e do cristianismo, como guerreiro Cristão. Sendo a Câmara Municipal o governo do Concelho, dirijo-me a V. Exa. e seus ilustres colegas da vereação a fim de tomarem a iniciativa para darem princípio aos trabalhos da grande subscrição, para ser levado a efeito o monumento – que deve ser inaugurado na praça do Toural ou em qualquer outra própria, para o mesmo fim. Se a estrada de ferro, vai dar importância à cidade de Guimarães, minha terra natal, a estátua de seu dilecto D. Afonso Henriques, moralmente vai dar-lhe honrarias e progresso civilizador. Avante! pois, dai mais uma prova de patriotismo pela pátria e por suas gloriosas tradições históricas.
Tome V. Exa. e seus ilustres colegas, a iniciativa de tão honroso cometimento, tenho fé que o levarão avante. Seja a Câmara Municipal de Guimarães, a comissão central em Portugal, e nomeie comissões parciais – no Reino – África e Brasil –. Só do Brasil pode obter-se a importância em donativos para a compra do Monumento em bronze fundido. Tomando V. Exa. e seus ilustres companheiros da Câmara Municipal cm consideração esta patriótica ideia, o abaixo assinado filho da cidade de Guimarães, promete levantar por meio da imprensa desta Capital do Império do Brasil, o espírito patriótico dos portugueses, com artigos publicados nos jornais da capital e províncias. Forneço a V. Exa. todos os dados, assim como, os nomes dos Portugueses e Brasileiros distintos – creio, aceitarão de bom grado as comissões, para agenciar donativos na Corte do Rio de Janeiro, e províncias do Império Brasileiro. Formada a Comissão geral em Guimarães, mandam V. Exa. imprimir circulares, que exponham as sublimes ideias patrióticas e pedindo o auxílio de todos para tão notável e patriótico fim.
Comissão geral no Rio de Janeiro. Conde de S. Salvador de Matosinhos, Português, Barão de Wildich, Consul Geral de Portugal no Rio de Janeiro, Conde de Cedofeita, português, Barão de S. Francisco Filho, Brasileiro amigo dos portugueses, Barão do Rio Bonito, idem, Visconde de Sistelo – Português, Barão de Misquita, idem, Visconde de St." Cruz, Brasileiro idem, Visconde de Silva, idem, Visconde de S. Tiago de Riba d'Ul, Português, Conselheiro Leonardo Caetano de Araújo, Português, Visconde de Arcozelo, Português, Barão de Faria, Português, Visconde de S. Cristóvão, Português, Visconde de S. Bernardo, Português, (morador em Petrópolis, Rio de Janeiro), Barão de Ribeiro de Sá, Português, Paraíba do Sul, Rio de Janeiro, Conselheiro Senador do Império e amigo dos Portugueses, Conselheiro Jerónimo José Teixeira Júnior, Senador Conselheiro Manuel Francisco Correia, senador do Império, Deputados dr. Duque Estrada Teixeira, dr. Fernandes de Oliveira, Deputados Gerais. São todos amigos dos portugueses: seguem-se Comendador João Tomé da Silva, Comendador Joaquim Bernardino Pinto Machado, Comendador Joaquim José Rodrigues Guimarães, Comendador Manuel Salgado Zenha, Ernesto Cibrão, Elísio Mendes, redactor da “Gazeta de Notícias”, Dr. Castro, redactor do “Jornal do Comércio”, Comendador Gomes Brandão, redactor do “Cruzeiro”, João Alves Pereira Guimarães, redactor da “A Nação Portuguesa”, Comendador Agostinho Maria Correia de Sá. Comendador António Tomaz Pereira Júnior, Comendador António José Ricós, Jezué Senador Correia de Melo, Brasileiro, Barão de Guararema, idem, Comendador António Tomaz Quartins, Comendador Simão de S. Paio Leite, José Leite de Figueiredo, Comendador João José Martins de Pinho, Comendador Dr. João Baptista dos Santos (B), Comendador Heleodoro Avilino de Sousa Monteiro, Comendador António Maria de Paula Ramos, Comendador José Marcelino de Sá, Comendador Domingos Moutinho, Luís de Resende, Vítor Ressi, Henrique Ressi, Comendador Dr. António Alves Ferreira, Joaquim José Rodrigues Machado, Comendador António Alves Pereira Curuja Júnior (B), Dr. João António de Oliveira Magioli (B), Augusto Ferreira de Sousa, João Alves da Silva, Dr. Custódio Américo dos Santos, etc.”
in Manuel Alves de Oliveira, "O centenário de uma estátua e a sua história", Boletim de Trabalhos Históricos, Vol. XXXVIII, 1987, p. 1-23, Arquivo Municipal Alfredo pimenta, Guimarães, 1987.
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