O 7.º centenário da Morte de Afonso Henriques em Guimarães (4)

Centenário de D. Afonso Henriques

Como dissemos no artigo anterior, à comissão do monumento é a quem cumpre, na nossa opinião, tomar a iniciativa dos festejos para a celebração do centenário. A dívida enorme em que estamos para com o herói de Ourique, para com o vulto gigante das façanhas épicas de outrora, e que nos legaram os nossos antepassados, pesa ainda sobre a geração presente, e por isso é preciso solvê-la, mas solvê-la condignamente.

A comissão composta de distintos cavalheiros, nossos conterrâneos, todos respeitabilíssimos, todos patriotas, não pode nem deve permanecer inactiva perante essa época memorável de 6 de Dezembro, não pode nem deve cruzar os braços perante a sensação que hoje domina todos os filhos de Guimarães. O grito de alarme que soltámos ao espaço, ecoou profundamente no coração dos vimaranenses, porque a realização do centenário estava na mente de todos, e a todos se impunha como necessária, como precisa, como inadiável.

Parar no momento actual, seria cerrarmos os olhos à luz do século presente, e embrenharmo-nos nas trevas dos séculos passados!

O povo que ainda há pouco tempo se levantava numa exposição industrial, a esforços numa sociedade regeneradora, duma agremiação benemérita e patriota, não deve cair com o centenário do seu filho mais ilustre, mais insigne, mais audaz, mais glorioso!

Parar no momento actual, seria ouvir ao país inteiro:

- Ò raça degenerada, para que te orgulhas do ser o berço da monarquia, a pátria do rei atleta, se deixas passar despercebidamente o centenário daquele que te honrou, que te imortalizou nas páginas da história portuguesa, com o seu nascimento!

Mário.

O Comércio de Guimarães, n.º 137, 2.º ano, 12 de Novembro de 1885

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