Com o título "Guimarães antiga", num folhetim publicado no rodapé do jornal Ecos de Vizela, saíram umas curiosas memórias acerca da vida em Guimarães em meados do século XIX. Começamos aqui a transcrever esse texto.
GUIMARÃES ANTIGA
Costumam juntar-se na farmácia Barbosa uns bons velhotes conversando alegremente sobre diversos casos que se vão desenrolando diversos que casos que, segundo eles afirmam, nada se parecem com aqueles que há setenta anos aqui se passavam.
Não há nada que mais mo entretenha que escutar a interessantíssima conversa desses honrados negociantes aposentados.
Ainda ontem apanhei três em flagrante.
– Quem nos diria a nós que havíamos de ver estas ruas e estes largos como hoje estão, assim completamente transformados?!
– Quando nós íamos acompanhar os patrões ao teatro velho que era nas casas de Vila Pouca, conduzindo lampiões acesos para eles verem aonde punham os pés!
Ainda lá tenho em casa um desses lampiões!
Em uma delas morava um chapeleiro.
E a Alfândega onde se vendia o peixe, com as latrinas à beira, tudo aquilo uma imundície!?...
Hoje há naquele lugar um coerente de casas onde se vê belo estabelecimento do Jordão, a chapelaria da D. Ana, o hotel do “Zé” Maria, o estabelecimento do Roberto, etc.
Que enorme diferença.
– Aqui ao lado na casa do Manuel Castro, era o hospital da Misericórdia.
Houve um tempo em que o Ferreira e o Simões faziam guardas ao hospital, vestidos com as suas fardas de milícias. Lembra-se!
– Oh! se lembro! até um deles queria ficar sempre de sentinela à porta para conversar com as raparigas que passavam pela antiga rua de Arrochela.
Bom tempo esse!
Costumam juntar-se na farmácia Barbosa uns bons velhotes conversando alegremente sobre diversos casos que se vão desenrolando diversos que casos que, segundo eles afirmam, nada se parecem com aqueles que há setenta anos aqui se passavam.
Não há nada que mais mo entretenha que escutar a interessantíssima conversa desses honrados negociantes aposentados.
Ainda ontem apanhei três em flagrante.
– Quem nos diria a nós que havíamos de ver estas ruas e estes largos como hoje estão, assim completamente transformados?!
– Quando nós íamos acompanhar os patrões ao teatro velho que era nas casas de Vila Pouca, conduzindo lampiões acesos para eles verem aonde punham os pés!
Ainda lá tenho em casa um desses lampiões!
***
Ali onde se vê hoje a igreja de S. Pedro, que por sinal nunca a hão-de acabar de construir, existiam umas cinco casitas.Em uma delas morava um chapeleiro.
E a Alfândega onde se vendia o peixe, com as latrinas à beira, tudo aquilo uma imundície!?...
Hoje há naquele lugar um coerente de casas onde se vê belo estabelecimento do Jordão, a chapelaria da D. Ana, o hotel do “Zé” Maria, o estabelecimento do Roberto, etc.
Que enorme diferença.
– Aqui ao lado na casa do Manuel Castro, era o hospital da Misericórdia.
Houve um tempo em que o Ferreira e o Simões faziam guardas ao hospital, vestidos com as suas fardas de milícias. Lembra-se!
– Oh! se lembro! até um deles queria ficar sempre de sentinela à porta para conversar com as raparigas que passavam pela antiga rua de Arrochela.
Bom tempo esse!
(continua)
António Infante
Ecos de Vizela, 1.º ano, n.º 16, 1 de Dezembro de 1904
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