É uma morte que nos enluta a lodos os que prezamos a honra da nossa terra.
Alberto Sampaio fez parte duma plêiade distinta de poetas e publicistas, figurando em destaque ao lado dos mais exímios cultores da moderna literatura portuguesa.
A sua colaboração em diferentes revistas científicas, especialmente na “Portugalia”, a brilhante publicação de Ricardo Severo, e na “Revida”, da Sociedade Martins Sarmento; o seu valioso estudo acerca das vilas do norte de Portugal, ultimamente publicado em volume, revelam uma cerebração privilegiada, um talento superior, um trabalhador infatigável.
O único cargo que exerceu foi o de guarda-livros do Banco de Guimarães, onde todos o respeitavam pela bondade do seu coração, pela limpidez do seu carácter e pelo seu profundo saber.
Sempre modesto e recolhido, ele só shiu para a rua a trabalhar com um afã verdadeiramente benemérito, quando Guimarães resolveu realizar a sua exposição industrial em 1884, cuja importância lhe veio, quase toda, do saber e da actividade de Alberto Sampaio.
E a terra onde este homem era menos conhecido era talvez a terra onde nasceu – Guimarães – que ele ilustrou e honrou com um nome que o país declina com veneração e respeito!...
A câmara exarou na acta da última sessão um voto de sentimento pela morte do ilustre vimaranense. Cumpriu o seu dever e interpretou o sentir dos que admiraram o talento do dr. Alberto Sampaio.
“O Regenerador” consigna também o seu pesar pela irreparável perda deste homem que, depois de Sarmento, foi a mais lídima glória da nossa terra nas lutas da pena e da cultura da ciência.
Os funerais do Dr. Alberto Sampaio realizaram-se ontem, em Cabeçudos, indo daqui assistir alguns cavalheiros.
À família enlutada, e, especialmente, ao snr. Dr. Leal Sampaio, apresentamos os cumprimentos do nosso profundo pesar.
(O Regenerador, n.º 2, ano I, Guimarães, 4 de Dezembro de 1908)
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