A discussão em curso acerca da transformação do dia 24 de Junho em feriado nacional e em Dia de Portugal tem produzido intervenções curiosas. De repente, começaram a chover de todos os lados propostas para Dia de Portugal, que deveria passar para 6 de Abril (Aclamação do Mestre de Avis, Cortes de Coimbra, 1383), ou 23 de Maio (Bula Manifestis Probatum, 1179), ou 25 de Julho (Batalha de Ourique, 1139), ou 14 de Agosto (Batalha de Aljubarrota, 1385), ou 12 de Setembro (assinatura do Tratado de Alcanices, 1297), ou 5 de Outubro (assinatura do Tratado de Zamora, 1143), ou 1 de Dezembro (Restauração de Portugal, 1640), ou, até mesmo, para dia incerto (Torneio ou Batalha de Valdevez, 1141). Sem esquecer os que defendem o 24 de Junho e os que entendem que o Dia de Portugal está bem como está, no dia 10 de Junho. Este debate pode não servir para mais nada, mas é capaz de servir para retirar força à petição que corre por aí.
Há um outro lado da discussão que produzirá efeitos contraproducentes: a querela bairrista que, aqui e ali, tem vindo a aflorar. Não se pode pretender avançar com uma proposta que terá que ter uma dimensão necessariamente nacional questionando, por exemplo, o vimaranensismo de quem em Guimarães levanta reservas à ideia (ou ao modo como foi apresentada). A defesa de uma tal proposta não pode (não deve) fazer-se esgrimindo argumentos que a diminuem, como os da suposta defesa dos interesses de Guimarães ou o da necessidade de, nesta matéria, os vimaranenses falarem todos a uma só voz. Estes raciocínios transformam a matéria em questão meramente local, colidindo com as intenções nacionais que lhe estão implícitas.
Não vai faltando ruído neste debate. Em grande parte, resulta de uma formulação pouco feliz e algo excessiva da petição, na qual se pedem duas mudanças simultâneas: (1) que o 24 de Junho passe a feriado nacional e (2) que o 10 de Junho deixe de ser feriado nacional, sendo-lhe retirado o estatuto de Dia de Portugal. Talvez se esteja a pedir demais. O 10 de Junho é uma tradição com raízes quase seculares, com a qual todos nós, mais novos ou mais velhos, crescemos. E as tradições não se apagam como quem arranca folhas do calendário.
Melhor seria se a defesa do 24 Junho não estivesse a ser feita desbaratando munições contra o 10 de Junho.
Há um outro lado da discussão que produzirá efeitos contraproducentes: a querela bairrista que, aqui e ali, tem vindo a aflorar. Não se pode pretender avançar com uma proposta que terá que ter uma dimensão necessariamente nacional questionando, por exemplo, o vimaranensismo de quem em Guimarães levanta reservas à ideia (ou ao modo como foi apresentada). A defesa de uma tal proposta não pode (não deve) fazer-se esgrimindo argumentos que a diminuem, como os da suposta defesa dos interesses de Guimarães ou o da necessidade de, nesta matéria, os vimaranenses falarem todos a uma só voz. Estes raciocínios transformam a matéria em questão meramente local, colidindo com as intenções nacionais que lhe estão implícitas.
Não vai faltando ruído neste debate. Em grande parte, resulta de uma formulação pouco feliz e algo excessiva da petição, na qual se pedem duas mudanças simultâneas: (1) que o 24 de Junho passe a feriado nacional e (2) que o 10 de Junho deixe de ser feriado nacional, sendo-lhe retirado o estatuto de Dia de Portugal. Talvez se esteja a pedir demais. O 10 de Junho é uma tradição com raízes quase seculares, com a qual todos nós, mais novos ou mais velhos, crescemos. E as tradições não se apagam como quem arranca folhas do calendário.
Melhor seria se a defesa do 24 Junho não estivesse a ser feita desbaratando munições contra o 10 de Junho.
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