Entre esta modesta galeria de varões ilustres, que enobrecem o berço de Afonso Henriques, colocamos hoje o nome duma religiosa do convento de Nossa Senhora da Madre de Deus desta cidade, porque nem só os que brilham no século adquirem direito à estima e consideração dos vindouros.
Salvar do esquecimento os nomes que engrandeceram esses asilos de piedade e religião, que em breve desaparecerão de entre nós é uma missão que gostosos cumprimos.
Soror Apolónia Maria do Santíssimo Sacramento nasceu na freguesia de Santa Maria de Gémeos, deste concelho, entrando na idade de 11 anos no então Recolhimento da Madre de Deus, porque ainda se não haviam executado as bulas pontifícias, que o elevavam a convento. Foi durante toda a sua vida, não só como recolhida mas também como professa, religiosissimamente observante dos conselhos evangélicos, tomando-se eminente na devoção que constantemente tributou a Santíssima Virgem, e na pratica de todas as virtudes, especialmente na humildade, tornando-se a mínima entre as suas companheiras.
Passou os últimos 7 anos de sua vida enferma, vítima de uma hidropisia, que lhe forneceu ocasião de se tornar exemplar na virtude de paciência.
Recebidos os sacramentos, expirou a 25 de Setembro de 1717, manifestando-se-lhe no rosto uma formosura encantadora, o que, faz dizer a uma companheira – faleceu como um anjo – prenúncio da bem-aventurança que a aguardava.
Extraímos estas breves linhas do livro dos óbitos do referido convento, que merece ser consultado pelos preciosos documentos, que nos fornece para a história das Religiosas Capuchinhas desta cidade.
[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 47, Guimarães, 25 de Setembro de 1884]
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