Vimaranenses: José Joaquim Leite Guimarães (Barão de Nova Sintra)

Colégio Barão de Nova Sintra, Porto

Na casa de Sapos, freguesia de S. João Baptista de Pencelo, pouco distante de Guimarães, nasceu a 21 de Julho de 1808 uma criança que no baptismo recebeu o nome de José, e que mais para diante havia de granjear por actos de benemerência e protecção para com os desvalidos títulos de reconhecimento, legando à posteridade exemplos dignos de imitação.

Foi filho de António José Leite de Faria e de Custódia Maria e nasceu no referido dia e não a 18, como por equívoco escreve “Dicionário Popular”.

Destinado por seus pais à vida comercial, foi caixeiro no Porto durante 6 anos, findos os quais embarcou para o Brasil, onde pelo seu assíduo trabalho adquiriu haveres, de que fez caridoso uso. No rio Grande do Sul tomou parte activa na luta contra o partido republicano, sendo ferido.

Em 1851 regressa á Europa, visita a Exposição Universal de Londres, percorre a Itália, Alemanha, Suíça, Holanda e Bélgica, ficando finalmente residência em Paris. Em 1855 volta a Portugal, vivendo 6 anos em Lisboa e após este tempo determina ultimar os seus dias no Porto, onde começara sua vida laboriosa.

Aqui toma parte activa na administração de vários estabelecimentos de beneficência, cujos haveres aumenta consideravelmente.

Gerente da companhia de iluminação a gás, vice-presidente e presidente da Associação Comercial de Beneficência, Provedor do Asilo de Mendicidade, em toda a parte deixa o Barão de Nova Sintra, título que lhe fora conferido em Abril de 1862, vestígios de sua passagem e do seu génio empreendedor.

Organiza um asilo para crianças, levanta um estabelecimento onde as recolhe e junta-lhe outro denominado de artes e ofícios em que os rapazes tirados da casa de correcção aprendem diferentes artes e trabalhos agrícolas, consoante sua aptidão, e assim o Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra fica um padrão memorável do muito bem-fazer do nosso compatrício.

Em 1866 recusa o título de visconde, cujo decreto de nomeação chegou a ser publicado e ficou sendo sempre o barão de Nova Sintra, cujo nome, diz o Dicionário popular, será sempre entre nós respeitado como um dos homens que mais se interessaram no nosso país pela causa dos desvalidos, dos homens que senhores de avultados haveres souberam fazer deles útil emprego em benefício dos menos favorecidos da fortuna.

[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 37, Guimarães, 17 de Julho de 1884]

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