O conflito brácaro-vimaranense: os Procuradores de Guimarães (1)

O Conde de Margaride, numa caricatura de 1905, de José de Meira, filho de Joaquim José de Meira

Os procuradores de Guimarães à Junta Geral do Distrito de Braga, que se viram envolvidos em Braga nos célebres incidentes do dia 28 de Novembro de 1885, que estiveram na origem do conflito brácaro-vimaranenses, eram três figuras proeminentes e muito respeitadas da vida política e social local.

Luís Cardoso Martins da Costa, futuro Conde de Margaride, nasceu em Guimarães no dia 8 de Janeiro de 1836. Com apenas 21 anos, completou, em 1857, o 5.º ano do curso de Filosofia da Universidade de Coimbra. Em 1872, foi-lhe concedido o título de Visconde de Margaride. Em 1877, foi elevado à condição de Conde de Margaride. Foi par do Reino e governador Civil do distrito de Braga, cargo que exerceu entre 1871 e 1877. Entre 1878 e 1879, foi Governador Civil do Distrito do Porto, cargo que abandonaria a seu pedido. Foi uma das mais prestigiadas figuras públicas de Guimarães e do Distrito de Braga do seu tempo. Nas visitas de reis a Guimarães, recebia-os em sua casa, no largo do Carmo, que então se transformava em Paço Real. Faleceu no dia 8 de Janeiro de 1919.

José Martins de Queirós Montenegro (José Minotes), nasceu em Guimarães em 14 de Março de 1841. Foi o fundador e primeiro comandante da Associação dos Bombeiros Voluntários de Guimarães, em 1877. Criador de cavalos, muitas vezes premiado em corridas, ficaram memoráveis os carrocéis que organizava em Guimarães, nomeadamente na sua quinta do Salgueiral. Na Revista de Guimarães publicou, entre 1886 e 1895, uma série de estudos sobre o turf (corridas de cavalos). Desempenhou diversos cargos políticos, entre os quais o de procurador por Guimarães à Junta Geral do Distrito de Braga. Faleceu a 14 de Setembro de 1906.

Joaquim José de Meira nasceu em Guimarães no dia 19 de Março de 1858, tendo sido um médico e cirurgião de reconhecido mérito. Foi um destacado vulto da política local, tendo sido procurador à Junta distrital e Presidente da Câmara Municipal. Orador e escritor, escreveu com Alberto Sampaio o Relatório da Exposição Industrial de Guimarães de 1884. Fez parte do Grupo dos Entusiastas na célebre questão política entre Guimarães e Braga em 1885-86. Exerceu o cargo de Director da Escola Industrial Francisco de Holanda. Serviu várias vezes a Sociedade Martins Sarmento, como Presidente da Direcção, sendo sócio honorário desta colectividade. Morreu no dia 25 de Junho de 1931.

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