O Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento é o mais antigo e um dos mais representativos museus arqueológicos portugueses. Instalado no convento de S. Domingos em Guimarães, foi inaugurado no dia 9 de Março de 1885, oito anos antes do Museu Nacional de Arqueologia.
O acervo inicial do Museu reunia o espólio recolhido por Martins Sarmento nas escavações na Citânia de Briteiros e no Castro de Sabroso e nas suas incursões pelo território do Entre-Douro-e-Minho: objectos de pedra encontrados em antas, mamoas e cavidades de penedos (machados, pontas de seta, facas, pontas de dardo); machados de pedra; machados de bronze de formas variadas; dois exemplares de machados de ferro; fragmentos de cerâmica decorada com mais de cinquenta temas ornamentais diferentes; objectos de bronze da Citânia e do Sabroso (alfinetes ou pregos de diferentes formas, fíbulas, contas de colar, braceletes; agulhas, etc); vasilhas e lucernas de barro; objectos de metal e moedas provenientes das termas de Vizela; jóias de ouro.
A colecção inicial incluía ainda um significativo conjunto de elementos epigráficos (aras votivas, lápides tumulares) e pedras ornamentadas da Citânia, de Sabroso e da Cividade de Âncora e vários exemplares de escultura antiga.
Em 10 de Julho de 1888 a Sociedade Martins Sarmento entrou na posse definitiva do edifício do Convento de S. Domingos, que lhe foi entregue pelo Governo português para aí instalar os museus, a biblioteca e demais dependências da Instituição. No ano seguinte, ampliou as instalações do acervo museu, construindo uma galeria envidraçada sobre o claustro medieval (projecto do engenheiro Inácio Teixeira de Meneses).
A colecção do Museu foi enriquecida por sucessivas incorporações, resultantes de doações e de prospecções promovidas pela Sociedade, quase sempre custeadas por Martins Sarmento. Em Novembro de 1898, o arqueólogo vimaranense fez trazer de Briteiros para o Museu o monumento de maior simbolismo do espólio arqueológico da Sociedade, a magnífica Pedra Formosa, que se tornaria no ex-libris da Instituição. Em 9 de Março de 1907 foi inaugurada uma secção especial do Museu, denominada Albano Belino, integrando o espólio reunido por aquele arqueólogo nas suas excursões e explorações arqueológicas, com o qual projectara constituir o núcleo inicial de um museu a criar Braga, nunca concretizado.
O Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento acolheu, ao longo do tempo, novos achados, resultantes das escavações promovidas pela Sociedade na Citânia de Briteiros, no Castro de Sabroso, na Penha ou em outros sítios, consagrando-se -se como uma das mais notáveis colecções arqueológicas da Península Ibérica.
Nos dias de hoje, o Museu mantém, no essencial, a estrutura expositiva original, constituindo-se como uma memória viva das concepções museológicas da transição do século XIX para o século XX. O seu acervo arqueológico distribui-se por duas secções: a Secção de Epigrafia e Escultura Antiga, e a Secção das Indústrias Pré e Proto-Históricas. Situando-se na galeria sobreposta ao claustro de S. Domingos, a Secção das Indústrias Pré e Proto-Históricas tem acesso através da escadaria do antigo convento. Os materiais aqui expostos destacam-se pela diversidade, pela quantidade e pela qualidade de um acervo onde assumem particular relevância as séries de artefactos produzidos pela cultura castreja.
Esta secção está organizada segundo os critérios da divisão do tempo histórico vigentes em finais de oitocentos, será preservada na futura renovação do Museu, conciliando-se com a necessidade de modernização e de criação de novos espaços mais conformes a uma gramática expositiva contemporânea.
O circuito da visita inicia-se pelos materiais do período paleolítico, de pedra lascada e de pedra polida, de múltiplas proveniências: pontas de seta, buris, percutores, raspadores, facas, trituradores, machados, martelos, polidores, enxós, pesos de rede e de tear, etc. O acervo de bronze é composto por grande número de peças originárias de sítios do Norte de Portugal (diversos machados lisos, de talão, de uma e de duas aletas, alabardas, pontas de lança, moedas, fíbulas, fivelas, placas de cinto, agulhas, anéis, pinças, peças votivas, alfinetes de toucado, campainhas, para além de múltiplos fragmentos de difícil identificação). Os objectos de bronze mais notáveis são um enigmático carro votivo e um espeto provenientes de Vilela, no concelho de Paredes
A colecção de instrumentos de ferro encontra-se no final do percurso, sendo composta por sachos, um alvião, machados, pontas de lança, chaves, pregos, das mais diversas origens, juntamente com estes elementos, podem observar-se pequenas barras de chumbo provenientes da Citânia de Briteiros.
A colecção de cerâmica é muito vasta, especialmente no que se refere a exemplares castrejos e luso-romanos, com destaque para os vasos e fragmentos encontrados na Citânia de Briteiros e na Penha. Entre o material exposto, incluem-se excelentes espécimes de cerâmica de pasta fina, pintada e de terra sigillata. Existem também diversos exemplares de telhas, de tijolos e de canalizações romanas. Nesta secção do Museu pode ver-se também um interessante conjunto de peças de vidro
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