O Paço inacabado transformou-se na pedreira de Guimarães. Em 1611, a cantaria da sua cerca serviu às freiras de Santa Clara para o arranjo do seu mosteiro. Em 1666, a pedra das paredes interiores foi usada pelos frades capuchos na edificação do seu convento. De nada adiantavam os protestos da Câmara de Guimarães contra a retirada da pedra que ia arruinando o Paço, nem as suas petições ao rei para que ali mandasse fazer obras de conservação (a Câmara chegou mesmo a dispor-se a entregar aos capuchos a pedra da barbacã do Castelo, em troca da do Paço). A pedra continuou a ser saqueada, arruinando o edifício e os seus muros. Em 1839, ainda a Câmara de Guimarães insistia com a rainha para que providenciasse à conservação do Paço dos Duques de Bragança.
Em 1933, o Director do Museu Alberto Sampaio, Alfredo Guimarães, alertou Salazar para a necessidade de se proceder à reabilitação do antigo paço ducal. Por esta vez, com sucesso. O processo de (re)construção, cuja direcção foi entregue ao arquitecto Rogério de Azevedo, demoraria mais de um quarto de século a concluir-se. As obras progrediram com avanços e recuos.
Em 1938, os últimos soldados do Regimento de Infantaria 20 abandonaram definitivamente o velho quartel.
Segundo alguns autores, o edifício inicial teria uma traça gótica, bebendo a sua inspiração em palácios fortificados franceses, flamengos e italianos. A sua reconstrução aprofundou a influência da arquitectura no Norte da Europa, patente na acentuada inclinação dos telhados ou na abundância das chaminés tubulares. Na década de 1950 foram realizadas diversas viagens à Bélgica (Bruxelas e Antuérpia) e à França (região do Loire), em busca de soluções decorativas para a conclusão do palácio. O resultado a que se chegou vai muito para além do conceito de restauro, tratando-se de uma falsa reconstrução que produziu um edifício quase completamente novo, com características únicas em Portugal. Ostenta feições revivalistas neogóticas, que resultam de se ter pretendido decalcar a tipologia de uma residência nobre, segundo modelos vigentes no Norte da Europa nos finais da Idade Média, estranhos à tradição arquitectónica portuguesa. Esta influência, bem presente no exterior, ressalta nas soluções adoptadas para os acabamentos interiores, nomeadamente nas paredes, nos tectos e nas galerias do claustro, onde é notória a transposição do modelo dos castelos da Loire, em França. A capela, com pórtico orientado para o pátio interior do claustro, não nega a influência do Paço dos Reis de Maiorca, em Perpignan.
Tal como o conhecemos hoje, o Paço dos Duques abriu ao público no 24 de Junho de 1959, transformado em residência oficial do Presidente da República e num Museu cujas peças mais destacadas são quatro cópias das tapeçarias de Pastrana que representam feitos das conquistas portuguesas no Norte de África, com desenho qu tem sido atribuído ao pintor Nuno Gonçalves, autor do políptico que hoje conhecemos por Painéis de S. Vicente.
O Paço dos Duques de Bragança não será, nem pela sua arquitectura actual, nem pelo seu acervo museológico, o mais genuíno dos monumentos vimaranenses. Longe disso. Todavia, pela sua localização em espaço emblemático da nossa identidade nacional e pela sua configuração, que remete para o cenário de fantasia que geralmente se associa aos contos de fadas, passou a integrar, nas poucas décadas da sua existência, o nosso imaginário, tornando-se no monumento que recebe mais visitantes no Norte de Portugal.
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