Brito
foi
comenda da Ordem de Cristo, que esteve
nas mãos dos condes de Sarzedas e que, em
1758, tinha
o Almotacé-Mor do Reino, Lourenço Gonçalves da Câmara Coutinho,
como donatário.
Segundo
a memória paroquial de 1758 (que reproduz o que escrevera o padre
António Carvalho da Costa, na Corografia Portuguesa) há
memória de que nesta freguesia floresceu D. Soeiro de Brito, homem
opulento, fundador do Mosteiro desta freguesia no tempo de el-rei D.
Afonso, o quinto. Aqui é o Solar dos Britos, de que descendem muitos
fidalgos e nobres do Reino. A sua casa está situada nesta freguesia,
onde chamam o Paço de Carvalheira.
Brito
Freguesia
de São João de Brito termo de Guimarães, Arcebispado de Braga
Primaz, Comenda de Cristo.
1. Fica
esta freguesia no termo de Guimarães, para a parte do Poente,
distante da dita vila de Guimarães uma légua e, da capital do
Arcebispado, duas e, da do Reino, sessenta. Província de
Entre-Douro-e-Minho.
2. É
senhor desta comenda o senhor Almotacé-Mor
do Reino.
3. Tem
cento e quarenta e nove vizinhos e pessoas quinhentas.
4. Está
a paróquia situada num altinho pequeno, no meio da freguesia, e dela
se descobrem a de S. Miguel de Paraíso, a de Santa Maria de
Silvares, a de S. João de Ponte e a de S. Paio de Figueiredo, todas
distantes desta meia légua. A freguesia se acha situada em terra
chã, em que medeiam alguns montes pequenos.
6. Esta
paróquia se acha no meio da freguesia, tem trinta e nove lugares, os
quais são os seguintes: Laje, Couto (este é um ano desta igreja,
outro da de Santiago de Ronfe), Picoto, Fojo, Loureiro, Granja,
Caserme, Carreira, Vila Meã, Montinho, Pedra Furada, Ribeirinho,
Carvalho, Relique, Trás Carreira, Cabanelas, Quintãs, Assento,
Chouras, Penedinho, Ribeira, Pardelhas, Castelo, Bouças, Passo, Riba
da Ave, Ribeiro, Outeiro, Séquito, Agro, Penas, Brito, Ponte, Patos,
Verdial, Lameira, Carvalheira e Bouça. Os lugares da Laje e Couto
pertencem ao Couto de Ronfe, com que vizinham.
7. O
orago desta freguesia é S. João Baptista, cuja imagem se acha
colocada no altar-mor, como também nele existe o Santíssimo
Sacramento. Tem mais dois altares colaterais, num se venera a imagem
sacratíssima de Nossa Senhora, com o título do Rosário, cujo altar
é privilegiado, e a este está anexa uma irmandade da mesma Senhora.
No outro, se adora a imagem de Nossa Senhora da Purificação.
8. O
pároco desta freguesia é reitor de colação ordinária. Tem de
renda cento e trinta mil réis, pouco mais ou menos. Tem uma anexa,
São Mamede de Vermil.
13. Tem
esta freguesia uma ermida com o título da Invenção da Cruz. Está
próxima à igreja e a fábrica dela pertence aos moradores desta
freguesia.
15. Os
frutos que os moradores colhem com mais abundância são milhão,
centeio e milho branco, menos deste. O vinho, quando muito quando
pouco, verde.
16. Os
povos desta freguesia estão sujeitos às justiças da vila de
Guimarães.
18. Há
memória de que nesta freguesia floresceu D. Soeiro de Brito, homem
opulento, fundador do Mosteiro desta freguesia no tempo de el-rei D.
Afonso, o quinto. Aqui é o Solar dos Britos, de que descendem muitos
fidalgos e nobres do Reino. A sua casa está situada nesta freguesia,
onde chamam o Paço de Carvalheira. A varonia destes Britos
particularmente tem os Viscondes de Vila Nova de Cerveira, de quem se
desanexou o morgado de S. Estêvão de Beja da mesma família, por
casamento de Dona Madalena, Condessa dos Arcos, com o Conde D. Tomás
de Noronha, por ser filha mais velha de D. Luís de Lima Brito
Nogueira, primeiro Conde dos Arcos, filho primogénito do Visconde D.
Lourenço de Lima Brito Nogueira, e os Alcaides-Mores de Beja que por
casamento entrou na Casa dos Condes de Prado, Marqueses das Minas, os
de Aldeia Galega, os da Porta da Cruz, os do rio de Ebro, e outros
mais. Declaro que hoje não é convento de religiosos, mas sim uma
paróquia como as mais.
20. Não
tem correio, servem-se pelo correio de Guimarães, distância de uma
légua. Parte à sexta-feira e chega ao domingo.
22. Tem
esta freguesia 5 privilégios de Nossa Senhora da Oliveira.
Rios.
1. Corre
no fim desta freguesia, pela parte do Nascente, um rio grande a que
chamam o Ave. Este, segundo dizem, nasce nas partes de Barroso, onde
chamam Salto. Consta que nasce logo caudaloso e corre sempre com
abundância de águas.
É, em
partes, de curso arrebatado.
6. Vem da
parte do Norte, para o Sul corre.
7. Cria
vários peixes como são barbos, trutas, muito poucas nestes nestes
países, por serem as águas já muito quentes, bogas em abundância,
especialmente no mês de Maio, escalos, o
mesmo
que as trutas, enguias, panchorcas e lampreias.
7. e 8.
Não há, nestas partes, tempo determinado para pescar e são as
pescarias livres.
10.
Cultivam-se as suas margens neste território e tem algum arvoredo ao
redor, especialmente amieiros.
12.
Sempre conservou o seu nome desde sua origem até à sua sepultura,
nem há memória que tivesse outro nome.
13. Entra
este rio no mar onde chamam Vila do Conde.
14. Tem
levadas e cachoeiras, que impedem o ser navegável.
15. Tem
um barco, que serve de passagem.
16. Tem
vinte moinhos e duas azenhas de moer, isto se entende nos limites
desta freguesia.
19.
Consta que são 5 léguas desta freguesia ao sítio aonde nasce e, à
sepultura,
Declara-se
que, suposto se não dá resposta aos mais interrogatórios, é pela
razão de não haver que dizer sobre eles. E este mandei fazer, que
vai na verdade, que assino com o reverendo reitor de Ronfe e o
reverendo vigário de São Mamede de Vermil. Em São João de Brito,
22 de Maio de 1758 anos.
O reitor,
Domingos Marques de Silva.
João
Couto Ribeiro.
O
vigário, António José Marques de Araújo.
“Brito”,
Dicionário Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
Vol. 7, n.º 140, p. 805 a 810 76, p. 1257 a 1261.
[A
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