Igreja de São Cosme e Damião da Lobeira |
Embora
permaneça como paróquia eclesiástica, a freguesia de São Cosme e
Damião da Lobeira está integrada na de Atães desde 1909. Diz a
tradição que o seu nome resultava de aqui ter existido um covil de
lobos, que eram guardados pela mais velha de sete filhas de um casal
desta terra, que se tornou pieira (pegureira
ou pastora) de lobos,
tradição que remete para a
crença em lobisomens (segundo
outra explicação conhecida,
a etimologia de
Lobeira derivará da família dos Lobeiros, da Galiza).
Lobeira
Título
da freguesia de São Cosme e Damião de Lobeira, termo de Guimarães
e visita de Monte Longo Arcebispado de Braga Primaz.
Em
observância do mandato e ordem do interrogatório do muito Senhor
Doutor Provisor da cidade primacial de Braga e como obediente súbdito
satisfazendo e ela e seus interrogatórios ou aqueles que a terra
permite.
Digo,
esta freguesia está situada na Província de Entre-Douro-e-Minho,
Arcebispado de Braga, termo e comarca da vila de Guimarães e terras
de el-rei. Está entre alguns montes, mas não são coisa digna de
memória, nem se descobrem povoações longínquas, nem latitudes.
É orago
desta freguesia dos santos Cosme e Damião da Lobeira. É pequena
esta igreja por ser a freguesia pouco populosa. É antiga, tem três
altares somente. No altar maior estão os santos padroeiros, São
Cosme e Damião. Tem mais dois altares fazendo costas ao arco, e tem
só duas naves. Da nave sinistra está o altar de Nossa Senhora do
Rosário, onde está também colocado o Santíssimo Sacramento. E, da
nave direita, está o outro altar chamado das Chagas, com um Senhor
Crucificado.
É o
pároco desta igreja cura anual da data ou apresentação dos
reverendos cónegos da Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da
Oliveira, da vila de Guimarães, e anexa ao Mosteiro de São Torcato.
São senhores dos dízimos, que andam juntos.
Tem esta
freguesia duas capelas, sem que nelas se diga missa. Uma de São
Martinho, da qual é administrador Domingos Martins, outra de São
Roque, que é da freguesia, que nem a elas se fazem romagens, e só
sim ao santo padroeiro São Cosme como advogado das enfermidades vem
algumas pessoas das partes circunvizinhas, mas com pouca frequência,
sem ser em dias determinados.
Tem esta
freguesia tantos lugares a saber vel
scilicet tal, tal tem cento e trinta e sete pessoas; não há aqui beneficiados,
nem benefícios. Declaro tem esta freguesia lugares seis, a saber,
lugar do Assento, lugar de Covas, lugar da ….
[ilegível]1,
lugar dos Cachos, lugar de São Martinho, lugar do Souto, lugar das
Lobeiras lugar das Fontes.
Os frutos
desta terra em mais abundância são milho grosso e menos centeio e
algum milho meado e feijão, vinho verde, e alguns anos bastante, e
azeite, não em muita quantidade, alguma castanha.
Não tem
correio e se servem do da vila de Guimarães, que fica distante meia
légua desta freguesia.
E, para a
cidade capital de Braga, dista três léguas e ,da cidade do Porto,
nove e, da de Lisboa, cinquenta e nove léguas.
Declaro
não haver nesta freguesia irmandade alguma.
E não há
nesta freguesia rio. Só um limitado ribeiro, onde há anos se fez um
engenho de azeite e dois moinhos de pão, que não são contínuos.
Não
padeceu, por bondade de Deus, ruína esta terra no terramoto.
Não tem
feira, nem serras, nem rios, nem mais coisa que compreenda os
interrogatórios, nem coisa digna de memória.
E assim
respondo aos interrogatórios quanto a razão da terra permite e não
mais. por não ter que deles mais anunciar, nem declare, nem
antiguidades de que se faça memória.
Foi-me
entregue esta ordem aos quatro de Abril de mil e setecentos e
cinquenta e oito e assim dou satisfação, em resposta às suas
interrogações. dentro do tempo nela determinado de dois meses.
Hoje, em
São Cosme e Damião da Lobeira aos quinze de Maio de mil e
setecentos e cinquenta e oito anos. Vai esta assinada por dois
párocos vizinhos, como ordena o Muito Reverendo Senhor Doutor
Provisor, a cujas ordens fico como mais humilde súbdito de Vossa
Mercê.
O pároco
José da Costa e Miranda.
Como
pároco mais vizinho, o vigário de São Torcato, Manuel Ferreira
Cardoso.
Como
vizinho, o pároco Manuel de Oliveira, da freguesia de Santa Maria de
Atães.
“Lobeira”,
Dicionário
Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
Vol. Vol. 21, n.º 97, p. 977 a 980.
1
Os nomes dos lugares estão enunciados na margem do documento, sendo
de muito difícil leitura.
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