O breve reinado de Salvador Ribeiro de Sousa no Pegu, os
seus feitos militares e a sua lealdade transformaram-no num herói quase
lendário, cuja história preencheu muitas páginas de escritores portugueses.
O primeiro autor a tratar desta figura foi escrito por
Manuel de Abreu Mouzinho, em castelhano, com o título Breve discurso en que se cuenta la conquista del reyno de Pegu en la
India de Oriente, hecha por los Portuguezes desde el año de mil y seiscientos
hasta el de 603, siendo capitan Salvador Ribero de Soza, natural de Guimarães,
a quien los naturales de Pegu elegieron por su Rey, publicada em Lisboa em
1617. A tradução em língua portuguesa, obra de autor desconhecido, aparecia no
final da Peregrinação, de Fernão
Mendes Pinto, a partir da edição de 1711. Esta obra é a fonte de quase tudo o
que se escreveu sobre Salvador Ribeiro de Sousa, havendo diversos argumentos
que depõem a favor da sua credibilidade: o autor foi, durante quase uma década,
Ouvidor das Apelações, em Goa, escreveu sobre acontecimentos que haviam
sucedido poucos anos antes da publicação da obra e, muito provavelmente,
conheceu Salvador Ribeiro.
Ainda no século XVII, Manuel de Faria e Sousa, no 3.º Volume
da sua Ásia Portuguesa (publicado a
título póstumo em 1675), dá uma perspectiva diferente da de Mouzinho,
sustentando que o título de Rei de Pegu não foi dado a Salvador Ribeiro, mas
sim a Nicote. No entanto, não temos razões para dar, nesta matéria, mais
credibilidade a Faria e Sousa do que ao padre Mouzinho, uma vez que escreve muito
mais tarde, invocando “informações de pessoas de crédito”, que não identifica.
António Diniz da Cruz e Silva, o Elpino Nonacriense da
Arcádia de Lisboa, dedicou a Salvador Ribeiro uma das suas Odes Pindáricas,
publicada pela primeira vez em 1801, dois anos após a sua morte.
Inácio Pizarro de M. Sarmento, na sua obra O Romanceiro Português, ou colecção dos
romances de História Portuguesa”, editado em 1845, dedicou um romance ao
Massinga.
António Francisco Barata, incluiu um poema dedicado a
Salvador Ribeiro de Sousa, no seu Cancioneiro Português, publicado em 1866.
No capítulo XII no seu romance O senhor do Paço de Ninães, publicado pela primeira vez em 1867,
Camilo Castelo Branco refere-se à figura de Salvador Ribeiro, pela qual não
nutria grande simpatia. Numa nota de rodapé, afirma que “o maior obséquio que
podemos fazer às cinzas de Salvador Ribeiro é não as remexer”, por o seu título
de Massinga se fundar “na covardíssima degolação do rei daquele reino”.
Embora não se conheça qualquer descendência do nosso
Massinga, o protagonista da peça de teatro O
Rajah de Bounsuló, de Licínio F. C. de Carvalho, editada em livro em 1854,
é filho de Salvador Ribeiro de Sousa. É ele Dom Vasco, aliás Dom Jaime, aliás,
o rajá que dá título à obra.
Há ainda uma banda desenhada com as aventuras de Salvador Ribeiro
de Sousa. Tem o título O Rei do Pegu
e foi publicada em 1969 no n.º 21 da revista Pisca Pisca.
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