Nasceu na vila (hoje cidade) de Guimarães a 25 de Julho de 1109

D. Afonso Henriques. Escultura em bronze (pormenor). Ourique. Séc XX (1979).
Fotografia de Eduardo Brito para a Exposição "Os rostos de Afonso Henriques" (SMS/2009)

O senhor D. Afonso Henriques, primeiro rei da monarquia portuguesa, merece um tributo especial da nossa veneração. Foi a soa espada que fundou a nossa nacionalidade, a sua política, que a consolidou; e nisto nos avantajamos a romanos, diz o sr. Castilho, que em um rei único nos deu a providência o que em Roma custou a caber em dois; a alma belicosa e indómita de Rómulo, o coração piedoso e pacífico de Numa.
Nasceu na vila (hoje cidade) de Guimarães a 25 de Julho de 1109. Educado por um famoso guerreiro, Egas Moniz, no meio do ruído das batalhas, que se feriam na península entre mouros e cristãos, e ouvindo distante o estrondo das cruzadas, o jovem príncipe tornou-se um fero conquistador e açoute milagroso de sarracenos.
Deveu a corda ao esforço do seu braço, e o hábito da sua glória ainda hoje a sustenta ao cabo de sete séculos. Não nasceu rei, acrescenta o sr. Castilho, senão maior do que rei, como aquele que de si mesmo havia de brotar a realeza; não tomou do berço a púrpura, mas tingiu-lha a vitória com sangue de infiéis; não achou feito o ceptro, que de sua lança robusta lho houve de lavrar sua mesma virtude; não alardeava eras o seu trono, mas estreou-o ele, e no estreá-lo lhe imprimiu veneração, que ainda hoje dura; trono a que lançou por fundamento o ferro de mais de trinta espadas de reis vencidos, como do oiro de mais de trinta coroas fundiu a sua.

A. A. Da Fonseca Pinto, O Instituto, Vol. VIII, n.º 3,Coimbra, 1 de Maio de 1859, p. 44

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