Ao
mesmo fidalgo nascendo-lhe um filho em dia de Santa Rita.
Santa Rita, a impossíveis consagrada,
Todo o mundo a respeita com fé
pia;
Cássia o diga, que incrível
romaria,
Não cobre o seu altar, a sua
entrada:
Mas com a ilustre Condessa
atribulada
Na acção do parto, cuja dor
sentia,
Que fez a santa? Emprestar-lhe o
dia,
Mas além disto não lhe fez mais
nada:
Mais fiz eu, que observando o meu
planeta,
Bem que sou dos futuros língua fraca,
Vaticinei um Conde em linha
recta:
Morda-se a inveja agora ímpia, e
velhaca;
E em tanto acendereis a este
profeta
Três velas de calção, véstia, e
casaca.
No
soneto anterior, o Lobo apostara com o Conde da Calheta que era capaz de
adivinhar qual o sexo do filho que a condessa trazia do ventre. Antecipou-lhe
que nasceria um varão. Se acertasse, pedia como prémio uma casaca. Como o
vaticínio bateu certo, António Lobo de Carvalho escreve um soneto a reivindicar
a sua recompensa. Porém, não se satisfazendo com a casaca da aposta, espera que
a sua profecia seja recompensada com um traje completo.
É
possível datar este soneto de finais de Maio de 1783 (o primogénito do Conde nasceu
no dia 22 de Maio de 1783)
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