Rua de Gil Vicente. |
9 de Abril de 1886
Decreto concedendo autorização
à Sociedade Martins Sarmento para adquirir por meio de enfiteuse, pelo preço de
1:200$000 réis, para edificação de uma casa em que convenientemente instalasse
a biblioteca, aulas primárias, instituto de instrução secundária, cursos
nocturnos, museu de arqueologia e numismática organizados pela Sociedade, um
terreno pertencente a Gaspar Lobo de Sousa Machado, no extremo da Rua Gil
Vicente, da cidade de Guimarães, sendo-lhe aforrado por uma pensão anual não
excedente a cem réis, e ficando o preço da venda mutuado à dita Sociedade a
juro de 4 por cento ao ano com hipoteca no mesmo terreno.
(João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 23 v.)
Criada em Novembro de 1881 e instalada em
Março do ano seguinte, a Sociedade Martins Sarmento iniciou desde logo uma
intensa actividade, ao mesmo tempo que procurava um edifício onde instalar a
sua sede e os seus serviços. No dia 27 de Março de 1883, Bernardino Machado,
que viria a ser Presidente da República, então deputado pelo Partido
Regenerador, apresentou na Câmara dos Deputados uma proposta para que fosse
entregue à Sociedade Martins Sarmento o “convento das religiosas de Santa Rosa
de Lima, da cidade de Guimarães, para estabelecer nele a sua biblioteca popular
e pública, e as suas escolas já fundadas, ou que de futuro venha a fundar”. No
entanto, caso esta entrega fosse concretizada, apenas produziria efeitos após a
morte da última freira dominica, em conformidade com a lei que decretara, em
1834, a extinção das ordens religiosas (o que, no caso do convento das
dominicas só aconteceria em Março de 1888).
Em 1885, a Sociedade Martins Sarmento
funcionava no largo do Carmo, em edifício contíguo ao palacete de Francisco
Martins Sarmento. A Sociedade tinha já uma intensa actividade, que incluía uma
biblioteca pública, um museu de arqueologia e numismática, além de cursos de
ensino primário e secundário, carecendo de instalações suficientes para
desenvolver a sua acção. Foi então decidido avançar para a aquisição de um
terreno na rua de Gil Vicente, recentemente aberta, para construir de raiz da
futura casa da Sociedade. Como, à época, instituições com a sua natureza não
podiam possuir bens de raiz, foi necessária autorização do Estado, que seria
concedida por decreto em 9 de Abril de 1886. Mas ainda não seria aí que a
Sociedade Martins Sarmento concretizaria a sua instalação definitiva.
Seriam necessários mais dois anos e uma
alteração legislativa para que a Sociedade Martins Sarmento recebesse, em
meados de 1888, as dependências do antigo convento de S. Domingos para delas
fazer a sua sede.
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