O Toural. Gravura publicada no "Archivo Pittoresco", 7.º ano (1864), pág. 217. Ao fundo, entre o chafariz e a igreja de S. Sebastião, funcionou a feira do pão de Guimarães. |
13 de Abril de 1802
Provisão régia para que a
feira do pão, que já pela 2.ª vez fora mudada para a Praça de N.ª S.ª da Oliveira,
volte para o seu antigo sítio, no largo de S. Sebastião. Os povos de Guimarães
suplicaram alegando que desde a tal mudança, em 1794, era sensível a falta do
pão que chegava a preço exorbitante "pela causa extensa que fazia suspeita
a feira por haver naquele sítio muitas tabernas e casas de pasto para os atravessadores
do pão comprarem-no todo exaurindo muitas vezes dele toda a feira, para depois
lhe darem o preço que querem, extraindo-o em horas oportunas, chegando ao ponto
de não haver um alqueire de pão e ser necessário que o juiz de fora desse busca
para socorrer a calamidade pública e achando bastante pão o fizera repartir ao
povo."
(João Lopes de Faria, Efemérides
Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II,
p. 32 v.)
Há hoje em Guimarães uma praça
que quase ninguém identifica pelo nome que está inscrito nas placas toponímicas,
uma vez que os vimaranenses a conhecem pela designação de uma actividade que,
em tempos, ali tinha lugar, a venda de cereais e de pão. Se um visitante
perguntar onde fica o Largo Condessa do Juncal, provavelmente a resposta não
será imediata. Se, pelo contrário perguntar pela Feira do Pão, ninguém terá
dúvidas em indicar-lhe o caminho. Em boa verdade, o antigo mercado do pão de Guimarães
mudou de lugar conforme o tempo: foi no Largo de S. Sebastião (ao fundo do Toural),
na Praça da Oliveira, novamente no largo de S. Sebastião, no terreiro da
Misericórdia.
Em 1802, o povo queixava-se da
falta e da carestia do pão que, pelo menos em parte, resultava da sua venda estar
fixada na Oliveira, onde se localizavam várias tabernas e casas de pasto, que
propiciavam o açambarcamento daquele género de primeira necessidade, que era a
base da alimentação do comum das gentes. O povo pediu ao rei que ordenasse que o
mercado do pão voltasse para o local onde estivera até 1794. No dia 13 de Abril
de 1802 foi publicada uma provisão régia que atendia ao pedido das gentes de
Guimarães.
0 Comentários