1905: A questão do emblema da Associação Artística (1)


Emblema da Associação Artística 


Nas Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, lê-se a seguinte nota referente ao dia 24 de Março de 1905:

Na noite deste dia para o seguinte é apagado o emblema, esquadro e compasso, que estava esculpido em alto relevo em pedra, na frontaria do edifício da Associação Artística Vimaranense, por baixo da sacada e encimando a janela que está por cima da porta principal. Tal escudo que alguns sócios, estúpidos viam como emblema da Maçonaria foi de novo esculpido, mais tarde.

Este acontecimento faria rebentar em Guimarães uma acesa polémica, que envolveu principalmente os sócios daquela associação mutualista. Os jornais da cidade,  de diferentes orientações políticas, não pouparam nas palavras para condenar um acto de completa ignorância ou talvez, o que ainda é pior, de absoluto desconhecimento dos emblemas símbolos do trabalho, uma selvajaria, resultante de um extravagante preconceito religioso, uma patetice, obra de néscios, proeza de espíritos tacanhos e inteligências medíocres, burricada. O autor do atentado autor pertencia à direcção da Associação Artística, e foi classificado como um conhecido catoliqueiro redondo circulório.

A questão teria o seu desfecho no dia 4 de Maio de 1905, numa reunião magna dos sócios da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense que terminaria com um cortejo de centenas de artistas que percorreram as ruas de Guimarães, ao som do Hino Nacional, executado pela banda Nova Filarmónica.

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