Ressurgimento

O Toural numa fotografia de 1864

O Toural, numa fotografia de hoje
É algo que tenho dito repetidas vezes: em Guimarães, somos visceralmente conservadores no que toca a propostas de mudança e de reconfiguração do espaço construído. Não raro, mais do que conservadores, somos reaccionários. Aceitámos mal a mudança naquilo que fomos habituados a ver à nossa volta. E este conservadorismo não é necessariamente um defeito. Quando era moda “alindar” os centros históricos, com trejeitos de “modernidade”, em Guimarães sempre acabava por prevalecer uma atitude que privilegiava a manutenção da cidade intramuros tal como sempre foi (ou, para ser mais exacto, tal como se entendia que sempre foi). E não me custa reconhecer que, em larga medida, foi à sombra dessa atitude de resistência à mudança que amadureceram as condições que permitiram, um dia, que o centro histórico de Guimarães obtivesse o reconhecimento como Património Mundial. É dentro deste discurso que percebo algumas reacções que fui ouvindo, enquanto as obras duraram, a propósito da intervenção no Toural e áreas adjacentes. De repente, desaparecia-nos da vista o Toural que nos habituámos, desde sempre, a ver. No entanto, o Toural que existiu até aqui foi configurado na década de 1950, tendo recebido pequenas alterações no início da década de 1980. Das várias faces que o Toural tem tido ao longo do tempo, a mais antiga que lhe conhecemos é a que nos é dada pela fotografia da década de 1860 que vai aí acima. Como facilmente se percebe pela imagem actual da praça, o projecto de requalificação recentemente inaugurado aproximou o Toural do seu delineamento novecentista de praça  ampla e aberta. Não tardaremos muito a perceber que a requalificação do Toural  criou as condições para o seu ressurgimento enquanto principal centro cívico de Guimarães.

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3 Comentários

Zeca Diabo disse…
Tenho de reconhecer, que està mais "europeu", mais contemporâneo, ganhando mais dimensão na sua amplitude.
Parece-me merecer, mais algumas pequenas "coisas" para o seu miolo.
Da forma que està, fica algo despido, e umas floreiras, e talvez mais alguns bancos, melhorariam certamente a sua imagem, e claro a sua funcionalidade.
Só espero, não começar a ver carros a parar nos apelativos lugares descampados...
De tudo o resto, Guimarães ficou a ganhar!
Catarina Miranda disse…
Estava com muito receio desta nova reconfiguração da cidade, mas fiquei já descansada, depois de a ter visto ao vivo (e a cores).
Faltam apenas algumas árvores e bancos para os encontros na praça... que no verão vão ser difíceis de suportar...
Árvores até tem lá mais do que as que tinha, mas não parece, porque a maior parte delas estão com as copas desfolhadas (conto 22 árvores). Bancos também tem (os que tinha,que até são os mesmos, mais o grande banco de pedra que rodeia o chafariz). E, ao contrário do que acontecia antes, em que todos os bancos estavam ao sol,agora, boa parte deles está debaixo de árvores...