Vimaranenses: Soror Maria Antónia do Rosário

As comodidades que a nobre e rica casa de seus pais lhe oferecia trocou-as Soror Maria Antónia do Rosário pelas virtudes austeras que o convento das Capuchinhas lhe proporcionava.

A vizinhança de religiosas, que pelos vimaranenses eram geralmente consideradas como perfeitíssimos exemplares de todas as virtudes, não podia deixar de acordar no espírito da filha de Gonçalo André de Carvalho Nápoles Matos e Alcáçova e D. Luísa Clara de Vilhena Castroe Menezes, senhores de Numães e da casa do Campo , junto ao convento da Madre de Deus, o desejo de ser companheira daquelas de quem tantos exemplos de perfeição ouvia narrar.

Para esta resolução também muito concorreu a educação verdadeiramente cristã, que lhe ministrava sua piedosa avô D. Mariana de Nápoles Carvalho Matos e Alcáçova.
É admitida a 25 de Março de 1732 entre as observantes Capuchinhas e a 23 de Janeiro de 1739 professa, recebendo-lhe a profissão a primeira Abadessa, irmã de D. Rodrigo de Moura Teles, que por certo foi esta uma das últimas religiosas a quem conferiu o hábito porque dois meses depois, 1 de Abril, faleceu.

Foi extrema a caridade desta religiosa, devotando-se sobretudo à assistência das agonizantes. Durante a sua vida foi constantemente presa de pertinazes doenças, o que faz dizer a uma sua companheira, quo lhe lavrou o termo de óbito, que Soror M. Antónia do Rosário fora muito mimosa de enfermidades.

Era a nossa patrícia insigne cantora, tornando-se sempre poucos os momentos passados na Igreja pelo povo vimaranense, que acudia a escutá-la por ocasião das solenidades.
Finalmente, depois de edificar pela sua austera e exemplar vida, rendeu o espírito ao Criador no dia 15 de Outubro de 1781, tendo de idade 49 anos.

[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 49, Guimarães, 9 de Outubro de 1884]

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