Terminado o curso, teve uma curta passagem por Lisboa, onde tentou uma experiência frustrada de exercício de advocacia. Regressou então a Guimarães, onde passará a maior parte dos seus dias, repartidos com estadias na Casa de Boamense, onde deu aplicação prática aos seus estudos sobre agricultura e viticultura.
Em Guimarães, sabe-se que viveu na rua de Santa Luzia em casa de seu irmão José, de quem foi, nas palavras de Domingos Leite Castro, “inseparável companheiro de toda a vida”.
Pela análise da sua correspondência já publicada, é possível esboçar uma geografia da vida de Alberto Sampaio, pelo menos a partir de 1880: até ao dia 28 Março de 1900 viveu, essencialmente, em Guimarães, com algumas intermitências, quase todas passadas em Boamense.
O ano de 1899 trouxera duas perdas irreparáveis a Alberto Sampaio. Nos primeiros dias de Agosto, faleceu Francisco Martins Sarmento (escreveria então a Luís de Magalhães: “eu tenho mais razão que qualquer outro de sentir a sua morte, por ser uma das poucas pessoas com quem eu convivia aqui. Não faz ideia, como me entristece esta solidão, que todos os dias aumenta em volta de mim”). Golpe ainda mais profundo o atingiria daí a pouco: no dia 15 de Setembro, era o seu irmão José que partia (escreveria então ao seu confidente Luís de Magalhães: “Eu sei que é dever nosso reagir; mas esta falta condena-me a uma solidão que me aterra”).
Seria esse sentimento de solidão, carregado de perda e de pessimismo, que o levaria a abandonar de vez Guimarães. No próprio dia em que preparava a partida da terra que o viu nascer e onde viveu, escreveu a Luís de Magalhães:
“Mal lhe posso escrever. As saudades do passado... creio que são elas... dilaceram-me o coração; ou o pressentimento dum futuro... que futuro?”
Dois dias depois, já em Boamense, descreveria melhor o seu estado de espírito na hora em que deixava para trás o seu “ninho de tantos anos”:
“Estava numa extrema sensibilidade; arrumava as últimas coisas do meu ninho de tantos anos: fechada a sua carta, empacotei o tinteiro: nesse momento a memória representava-me com uma luz fulgurante os castelos em mim do meu passado: e que ilusões! Hoje vou melhor: caí numa tristeza calma, que por fim também há-de desaparecer.”
0 Comentários