O Toural (4)

"O campo de Toural ainda há pouco, até 1873, quase intransitável em tempos invernosos, oferece agora para recreio e descanso um pequeno, mas elegante jardim.

Este campo, que em 1681 era considerado o melhor rocio da vila, tinha sido em 1585 enriquecido com um formoso chafariz de três taças, sendo de três metros de diâmetro a maior: o qual foi demolido a 3 de Junho de 1873.

Defronte, levantava-se majestoso, como obra de arte igualmente digna de atenção, o cruzeiro da irmandade do Rosário, também pouco tempo depois demolido e inutilizado.

A fachada oriental deste campo, com o aspecto de um só edifício regular e simétrico, de quarenta e quatro portas e cento e vinte e cinco janelas, foi levantada por iniciativa particular, no fim do século passado. No centro desta fachada, alçava-se um majestoso frontão, pousando-lhe no vértice a estátua colossal da Fama, empunhando um clarim de metal. Tanto esta porém, como o frontão, foram posteriormente abatidos; porque o seu peso considerável ia fazendo afastar as paredes da linha de prumo.

Depois do pavoroso incêndio, que na noite de 4 de Junho de 1869 reduzira a cinzas quase todas as casas do lado norte - ocasionando a morte a quatro pessoas - foi ainda este campo aformoseado com a edificação de novos prédios, que se levantaram donairosos nas cinzas dos antigos.

Já em 1834 havia planos de restaurar e ornar de qualquer modo este campo, o mais regular e o mais importante de Guimarães; e a este respeito oferecerei aos meus leitores a seguinte notícia:

Em sessão de 2 de Outubro de 1834, o vereador Manuel António Moreira de Sá apresenta a seguinte proposta:

Proponho, que em lugar de solenes exéquias, que se deveriam fazer por ocasião do falecimento do incomparável Duque de Bragança se lhe erga na Praça do Toural uma pirâmide quadrangular de pedra fina, cujo ápice sustente um livro, representando a Carta Constitucional que ele nos outorgou; e uma espada, representando aquela com que o herói libertou a pátria. (…)

Esta proposta não chegou a realizar-se (…)."

(in António José Ferreira Caldas (Padre), Guimarães (Apontamentos para a sua história). Porto, 1881, 2 volumes.)

Comentar

0 Comentários