O historiador Alberto Sampaio nasceu em Guimarães, a 15 de Novembro de 1841. A infância passou-a entre Guimarães e Famalicão, onde a sua família possuía a Quinta de Boamense, na freguesia de Cabeçudos. Aprendeu as primeiras letras em Landim e completou em Braga os estudos que lhe permitiram partir para Coimbra, ainda com 15 anos. Em 1863, formou-se em Direito. Ao longo de meia década em Coimbra, participou activamente na vida académica, colaborando em jornais e convivendo com alguns dos jovens mais notáveis da sua geração, como Antero de Quental, com quem iniciaria uma amizade que se prolongaria pela vida fora. Envolveu-se activamente num movimento que deixou marcas profundas no imaginário académico coimbrão, a Sociedade do Raio, que se bateu pela renovação da Universidade.
De Coimbra, mudou-se para Lisboa, onde ensaiou o exercício da advocacia. Por pouco tempo. Não tardaria muito, estava de volta à sua terra natal, onde, apesar da sua personalidade avessa à exposição pública, manteve uma intervenção cívica constante.
Em 1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa. Em 1873, fez parte do núcleo dos fundadores da Companhia dos Banhos de Vizela, subscrevendo, no ano seguinte, o contrato para o aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção de estabelecimento de banhos. Entre 1874 e 1876, esteve ligado ao Banco de Guimarães, onde exerceu funções de guarda-livros. Em Março de 1881, integrou a comissão que a Câmara de Guimarães incumbiu da missão de avaliar as vantagens da introdução no concelho de vides americanas resistentes à filoxera, como forma de prevenção daquela praga das vinhas. A agricultura e a vitivinicultura, em particular, incluíam-se entre as suas paixões, sendo famosos os vinhos que produzia na Quinta de Boamense. Em 1883, integrou a comissão a quem a Câmara encarregou de seleccionar os produtos que seriam levados à exposição Agrícola de Lisboa, que se realizou em Maio desse ano.
Por essa altura, já tinha ajudado a fundar a Sociedade Martins Sarmento, à qual o seu nome ficaria para sempre ligado. Foi proclamado sócio honorário desta Instituição em 1891.
Alberto Sampaio foi a alma mater da grande Exposição Industrial de Guimarães de 1884, promovida pela Sociedade Martins Sarmento. Enquanto decorria aquele certame, teve a sua primeira experiência de participação política activa, ao apresentar-se como candidato a deputado pelo círculo de Guimarães. Receberia pouco mais de 3% dos votos naquela que foi a primeira eleição de João Franco como deputado pelo círculo de Guimarães. Não repetiu a experiência, apesar de, em 1887, ter colaborado com Oliveira Martins no Projecto de Lei de Fomento Rural. O único cargo público que desempenhou ao longo da sua vida foi o de procurador à Junta Geral do Distrito de Braga, em representação de Guimarães.
Entretanto, afirmou-se progressivamente como pioneiro da história económica e social, dando início aos estudos de história agrária em Portugal, com a publicação na Revista de Guimarães, em 1885, do primeiro artigo da série A propriedade e a cultura do Minho, a que daria continuidade com a sua obra mais conhecida, As vilas do Norte de Portugal. Com os textos sobre o Norte marítimo e As póvoas marítimas, Alberto Sampaio deu também um forte impulso inicial aos estudos sobre a problemática do desenvolvimento marítimo.
No princípio de 1900, na sequência da morte do seu irmão José, que se seguiu em poucos meses à de Martins Sarmento, Alberto Sampaio muda-se definitivamente para Boamense, onde se dedica à agricultura e, de modo cada vez mais intermitente, aos estudos históricos. Aí viria a falecer aos 67 anos, no primeiro dia de Dezembro de 1908.
Após a sua morte, a obra de Alberto Sampaio não caiu no esquecimento. Um dos primeiros actos da República em Guimarães consagrou o reconhecimento da obra deste cidadão ilustre, atribuindo o seu nome a uma das avenidas mais emblemáticas da cidade. Em 1923, Luís de Magalhães publicou o essencial da sua obra científica, na colectânea Estudos Históricos e Económicos. Em 1928, foi criado o Museu de Alberto Sampaio. Em 1956, inaugurou-se o monumento a Alberto Sampaio, no largo dos Laranjais, em Guimarães. Em 1972, foi criada a Escola Comercial Alberto Sampaio (hoje Escola Secundária Alberto Sampaio), em Braga.
Em 2008 comemora-se o centenário da morte de Alberto Sampaio.
0 Comentários