Andor do Senhor das Chagas | Fotografia da Junta de Freguesia de Infias. Por estes dias, salta aos olhos que estará ultrapassada a situação de seca extrema que atingiu Portugal Continental em tempos recentes. Da sua gravidade muito se disse mas, em boa verdade, nós praticamente não sentimos os seus efeitos nas nossas vidas. A água nunca deixou de jorrar das torneiras. Num passado não muito longínquo, quando ainda não havia sistemas públicos de abastecimento de água com a eficácia do que hoje nos serve, a realidade era muito diferente. …
O fontanário da Oliveira, numa estereoscópia de Antero Frederico de Seabra (1858) Vai muito seco este Outono. Dizem que estamos em seca estrema e que, felizmente, amanhã voltará a chover, talvez. Não fosse o tanto se falar no assunto, quase não teríamos percebido que a situação existe, persiste e é grave. É que a água não nos falta nas torneiras. Secas, com todas as classificações (fracas, suaves, moderadas, graves, extremas ou excepcionais), sempre as houve. Noutros tempos, as consequências da escassez de chuva como a deste ano seriam mu…
3 de Julho de 1838 Foi o primeiro dia em que não esteve tanto frio (à excepção de uns poucos de dias no princípio do mês passado) pois desde o princípio do Inverno até esta parte, fez sempre frio, ou chuva, sendo esta em uma abundância tal e tão continuada, tanto no Inverno como na Primavera, que com as cheias que fez, causou bastantes estragos. Ainda neste dia havia muito vinho por limpar, do pouco que escapou ao frio e às névoas. PL (João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses , manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmen…
23 de Abril de 1879 Às 5 horas e um quarto da tarde chegou a esta cidade a imagem do Bom Jesus da Costa, conduzida em procissão de penitencia para que Deus Nosso Senhor nos concedesse a serenidade do tempo, agitado há mais de 6 meses por um desabrido inverno. Recolheu-se a procissão na igreja de S. Francisco, onde terminado o 1.º dia de preces à veneranda imagem, houve sermão escutado por mais de 2 mil pessoas. A gente que acompanhou era em número superior a 5 mil. Foi a imagem reconduzida para a Costa em procissão de triunfo a 25 de M…
Neve sobre Guimarães (fotografia de Mário Cardoso, 1939) 3 de Abril de 1847: De manhã apareceu tudo coberto de neve, levando bastante tempo a derreter e havendo um intensíssimo frio. Toda a gente se admirou de haver tanta neve e tão tarde. Em algumas partes a neve subiu acima de 2 palmos de altura. (João Lopes de Faria, Efemérides Vimaranenses, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, vol. II, p. 9) Pela sua raridade, a queda de neve em terras de Guimarães sempre foi um acontecimento digno de registo. Na maior …
A propósito da falta de chuva neste Inverno, amenizada nos últimos dias, muito temos ouvido falar de mudanças climáticas. Com frequência, ouvimos dizer, porventura com alguma ligeireza, que “nunca se viu nada assim”. Tanto quanto sei, as inconstâncias meteorológicas são uma realidade de todos os tempos, como julgo que se pode concluir pela leitura do texto que vai abaixo, que escrevi em 2007 para uma publicação da Vimágua: A água do Céu Tendemos a acreditar que, no passado, a meteorologia teria, na sucessão das estações do ano,…
Domingo, dia 2 de Fevereiro de 1902 (2-2-2): “De manhã houve grande nevada que caindo em pequenos flocos e com a atmosfera seca, deu causa a um fenómeno deslumbrante. Às 11 horas da manhã o regimento n.º 20 de infantaria, com mais de 200 homens, saía da missa na igreja de S. Francisco e seguia para o quartel pelo Toural, produziu-se um destes quadros que poucas e raras vezes se presenciam, marchando o regimento sobre uma chuva de flores brancas que em grande quantidade atapetava o chão e se penduravam dos bonés, ombros e fardas dos …
Fotografia de Eduardo Brito Tendemos a acreditar que, no passado, a meteorologia teria, na sucessão das estações do ano, uma regularidade aproximada da constância imutável do tempo cronológico. Ao Verão quente e seco, sucedia o Outono, mais fresco e chuvoso, que acabava no Inverno, que era frio e molhado, a que se seguia a Primavera, de tempo mais ameno, se bem que húmido. O ritmo da vida dos homens seguiria a marcha do tempo cronológico e meteorológico e o calendário agrário ajustava-se a essa regularidade. Esta visão idealizada d…
Temperaturas máximas registas em Guimarães (1896-1905), em graus centígrados. Fonte dos dados: João de Meira, O Concelho de Guimarães, Porto, 1907, pág. 12-13 [Clicar no gráfico para ampliar] Sufoca-se. O granito dos muros e do chão funciona como um imenso acumulador de calor. Efeito das mudanças climáticas. Este é o ano mais quente desde há cento e tantos anos. É o efeito de estufa. É o buraco do ozono. Não há memória de tempo assim. Será que não? A nossa memória meteorológica é muito curta. Por aqui, o te…
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