Antero Frederico de Seabra, 1862 (não 1858)



A Colegiada, a Oliveira e o Padrão. Estereoscópia de Antero Frederico de Seabra, 1862.

Andando às voltas com o relógio municipal da torre da Colegiada, procurei a sua presença (ou, mais propriamente, a sua ausência) em fotografias do século XIX. Das que mostram toda a torre, as mais antigas que conheço são as estereoscópias de Antero Frederico Ferreira de Seabra, que têm sido datadas de 1858. Por um detalhe visível em três fotografias daquela série, verifico que a data atribuída está errada. O mostrador do relógio, que lá aparece, foi colocado em 1861. Antes, o relógio apenas dava as horas pelos toques do sino.
Conhecemos diversas gravuras que representam a torre da Colegiada sem o mostrador do relógio. Amais recente foi publicada, precisamente, em 1861, na revista Arquivo Pitoresco,a ilustrar um artigo de Inácio de Vilhena Barbosa.
A Colegiada, ainda sem o mostrador do relógio na torre. Gravura publicada no Arquivo Pitoresco, 4.º ano (1861), pág. 353.

Assim sendo, não temos dúvidas de que Antero Frederico de Seabra, nascido no Pombal em 1821, fotografou Guimarães no ano de 1862. Esta datação é comprovada por um pequeno texto publicado no jornal vimaranense Religião e Pátria em 20 de Novembro de 1862, cujo redactor dá conta de lhe terem sido mostradas, naquele mesmo dia, 12 fotografias de monumentos e vistas da cidade de Guimarães que o fotógrafo tirou em Guimarães:

Álbum de fotografias. — Tivemos hoje ocasião de ver, primorosa e artisticamente reproduzidos em fotografias, 12 dos monumentos e vistas mais notáveis desta nossa terra, e consta-nos que o seu autor, o ilmo. snr. Antero Frederico Ferreira de Seabra, tenciona promover uma assinatura para publicar em álbuns os seus primorosos trabalhos fotográficos, reproduzindo os mais notáveis monumentos e vistas de Portugal.
Pela nossa parte agradecemos ao distinto artista a consideração que nos dá, escolhendo o Berço da
Monarquia para estreia dos seus álbuns, prestando-nos o relevante serviço de nos fazer conhecidos no país, e felicitamos-lo pelo bom êxito dos seus trabalhos.
Oxalá que colha uma cópia tal de assinaturas, que lhe compensem a fadigosa tarefa que teve.

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