Se
o nome lhe vem de ter sido terra de fabricantes de pentes (ofício
que teve em Guimarães muitos e bons mestres), não sabemos, por não
encontrarmos nenhuma referência ao mester de penteeiro nesta
freguesia. No inquérito paroquial de 1842, listam-se nesta freguesia
os ofícios de carpinteiro, alfaiate, ferreiro, tamanqueiro e
moleiro. Não havia um único penteeiro em Santa Eulália de
Pentieiros.
A
memória paroquial de 1758, que agora se publica, diz respeito a uma
freguesia que já não existe desde finais do século XIX,
Pentieiros. Foi anexada pelo arcebispo, para efeitos eclesiásticos,
a Tabuadelo em 22 de Abril de 1890. Por decreto régio de 19 de
Agosto de 1890, a anexação estendeu-se também à orgânica
administrativa. Como se percebe pela leitura do decreto, a fusão foi
feita a pedido das juntas das paróquia envolvidas,
Atendendo
ao que me representaram as juntas de paróquia e diversos moradores
das freguesias de S. Cipriano de Tabuadelo e Santa Eulália de
Pentieiros, do concelho de Guimarães, pedindo que elas sejam
anexadas, a fim de constituírem uma só paróquia para todos os
efeitos administrativos e eclesiásticos;
Considerando
ter-se mostrado nos devidos termos, que a segunda das mesmas
freguesias muito vizinha da primeira, e tendo apenas cento e quarenta
e um habitantes, não conta nos seus paroquianos elegíveis um numero
dobrado do necessário para a administrativo paroquial, nem para a
satisfação dos respectivos encargos obrigatórios dispõe de outros
recursos mais que o lançamento de impostos.
Esta
anexação vigorou durante uma década. Em Janeiro de 1900 a
freguesia de Pentieiros foi agregada, na parte civil, a S. Cristóvão
de Abação. Com a compressão administrativa de 2013, a antiga
Pentieiros passou a pertencer à União das Freguesias de Abação e
Gémeos.
Em
Pentieiros na sua quinta das Lamas, onde estava refugiado, faleceu,
em 18 de Novembro de 1832, António Cardoso de Menezes Ataíde, das
Lameiras, Creixomil, comendador da Ordem de Cristo e brigadeiro, que
tinha sido governador militar de Guimarães constitucional. Foi
sepultado no dia seguinte na igreja da paróquia.
Francisco
Martins Sarmento, na sua pesquisa das tradições e das memórias
arqueológicas de Guimarães, esteve em Pentieiros na companhia do
Abade de Tagilde. Registou nos seus apontamentos:
O Monte de Santo António fica perto e a nascente da casa de Arco (Vasco Leão). Houve antigamente ali uma capela que foi desfeita para a reconstrução da de Pentieiros, a que pertence o monte. Hoje resta apenas uma cruz de pedra embutida num penedo. O monte é um outeiro isolado, e defensável por quase todos os lados, menos pelo nascente. Houve ali alguma coisa? Duvidosamente. Algum raro fragmento de barro nada vale. A sul e a pouca distância fica o monte de Polvoreira. Por ali é o caminho mais direito para as Abações, onde fui com o Padre João. De caminho vimos a igreja de Pentieiros, já no alto e na mesma altura que a de Tabuadelo, cuja freguesia pegava. A igreja, pequena como uma capela e sem nada de notável.
Não
conhecemos a memória paroquial de 1758 de Santa Eulália de
Pentieiros.
Pentieiros
Pentieiros
é aldeia e paróquia do termo da vila de Guimarães, na comarca do
mesmo nome. O seu povo consta de 23 fogos, com 72 almas de sacramento
na matriz dedicada a Santa Eulália.
O pároco
é abade apresentado pela Mitra de Braga, e tem 100$000 réis de
côngrua.
“Pentieiros”,
Dicionário Geográfico de Portugal
(Memórias Paroquiais), Arquivo Nacional-Torre do Tombo,
vol. 42, nº 311, p. 149.
[A
seguir: Abação, São Cristóvão]
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