Apontamentos para a história das Danças Nicolinas (7)


Em 1901 as danças representaram O pagode chinês. Os estudantes “aposentados” (velhos) também apresentaram, pelas ruas e casas particulares, uma dança sua.
Em 1902, havia de novo quem temesse pela vitalidade das festas. As danças, segundo O Comércio de Guimarães, não corresponderam às expectativas.
Todavia, no ano seguinte, tendo com ensaiador o Padre Gaspar Roriz, as danças foram primorosas, cheias de chiste. No entanto, foram poucos os que a elas assistiram, devido à inclemência da chuva. Tiveram como tema a Aliança luso-britânica. Narra o Independente que foram representadas em diversas casas particulares e também no coreto do jardim do Toural, a fim de que o nosso bom povo, que tanto ama estas festas, pudesse ver e por ser impossível, por causa da chuva, dançarem nas rua.
Também prejudicadas pela chuva, as festas de 1904 foram tristes e pouco animadas. Segundo O Comércio de Guimarães, as danças, que eram hoje o entusiasmo dos estudantes e das gentis crianças, tornaram-se em água a potes.
No ano seguinte, as danças recuperaram o seu brilho. Saíram do Teatro D. Afonso Henriques e exibiram-se em várias casas, praças e ruas da cidade.
Em 1906, as danças de S, Nicolau afirmaram-se como o número mais brilhante das festas nicolinas. Foram representadas por um grupo de foliões que se intitulava Grande Companhia Académico-Cómica-Cântico-Dançante e que era dirigido por Fernando Chaves. Saíram às 15 horas, iniciando o seu percurso com exibições nas ruas e terminando em casas particulares.
De acordo com a imprensa local, as danças de 1907, que decorreram nos moldes das anteriores, também terão sido do agrado geral.
Em 1908, tiveram A. L. de Carvalho como autor do texto e ensaiador. O desempenho dos estudantes, assim como o respectivo guarda-roupa, foram bastante elogiados na imprensa.
Em 1910, com a República implantada havia apenas dois meses, as Nicolinas decorreram em ambiente revolucionário. Não faltaram críticas às festas, da parte de alguns republicanos, que lhes chamaram carnaval em Dezembro e exigiram a sua reforma, para que se adaptassem aos novos tempos. Como se tal não bastasse, as primeiras festas em tempo de República foram ensombradas por uma tragédia: ao ser erguido, o pinheiro acabou por cair, matando uma criança de doze anos. As danças, com o título Os Revoltosos de 5 de Outubro, foram ensaiadas por Jerónimo Sampaio e, segundo o periódico monárquico O Comércio de Guimarães, fizeram a apologia da República. Encerraram com espectadores e estudantes a cantarem A Portuguesa. João Lopes de Faria escreveria, nas suas Efemérides Vimaranenses, que as festas de 1910 foram todas republicanadas.

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