Aspecto da Exposição Industrial de Guimarães de 1884, numa gravura da revista Ilustração Univ ersal |
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A confecção dos doces de fruta em que Guimarães se destacou no passado era obra, essencialmente, das mãos das freiras dos conventos da cidade, nela se tendo especializado as freiras do Convento de Santa Rosa do Lima (Dominicas). Com a sua extinção, decretada em 1834 e concretizada progressivamente, à medida que iam morrendo as últimas freiras, os doces conventuais foram entrando em decadência. Assim, em chegando aos primeiros anos do século XX, das outrora célebres ameixas de Guimarães já quase só sobrava uma ténue memória.
No relatório da Exposição Industrial de 1884 já se diagnosticava o declínio destas artes doceiras:
A histórica indústria de doce de fruta de Guimarães tem decaído de tal modo que hoje resta apenas uma sombra do que foi em outros tempos. Tem contudo a justa nomeada do passado; e como se conservam ainda as receitas e processos que dão a esta doçaria o paladar distinto que a afamou, tiraria sem dúvida bons lucros quem montasse uma fábrica para a produzir em larga escala. Actualmente, com a facilidade de comunicações para leste e sul, seria extremamente fácil obter as frutas necessárias nos anos em que escasseassem na localidade.
Relatório da exposição Industrial de Guimarães em 1884, p. 69
No entanto, esta tradição da “indústria” vimaranense não deixou de figurar com destaque no certame de 1884, como se constata da seguinte notícia:
Doce de fruta - Nenhuma cidade ou vila de Portugal goza de tão justa reputação no fabrico e tempero da lambarice como Guimarães.
Cada convento tem a sua especialidade favorita, que é procurada como mimo, e até se disputa como coisa milagrosa... para gulosos.
De tudo havia na Exposição; vimos os papéis rendilhados, que cobriam as morcelas, o pêssego, as ameixas, os damascos, etc. - Não pudemos apreciar a qualidade, porque era proibido tocar nos objectos expostos.
Folha da Tarde, n.º 133, in Relatório da exposição Industrial de Guimarães em 1884, pp. 180
As ameixas de Guimarães, redondas ou compridas, foram levadas à exposição de 1884 pelas mãos de vários confeiteiros.
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