"Santa Auta". Gravura a buril e água-forte de José Lúcio da Costa a partir de obra de Jerónimo de Barros Ferreira, 1783. Da col. da SMS.
Deu Guimarães o berço, a este nosso ilustre conterrâneo no dia 3 de Dezembro de 1750, sendo filho de pais oriundos de S. Tiago da Faia, em Basto.
Dedicou-se à pintura tendo por mestre a Miguel António do Amaral. Desenhava com facilidade e felicidade e primava muito principalmente em flores e ornatos. Arquitecto inspirado miniaturista exímio e retratista notável são valiosos os seus retratos, como o atestam os de D. Maria I, os dos pais de D. Miguel Pereira Forjaz e o do seu Amigo, o pintor António Caetano, sendo ente muito apreciado pelo célebre Rackinski, que louvando o seu colorido, diz que ele se aproxima bastante da escola flamenga.
Lisboa ainda hoje se exorna louçã com as produções grandiosas do artista vimaranense, testemunhando ali ainda hoje a sua passagem gloriosa a abóbada do altar das Trinas ao Rato, a abóbada da capela de Santa Brígida, na fregueia do Lumiar, o tecto da sala de jantar do palácio do Marquês de Marialva, os aposentos do palácio de D. Miguel Pereira Forjaz na Cruz da Pedra, o tecto de um dos quartos do Marquês de Niza em Xabregas, etc.
Pintor, arquitecto e retratista, caricaturista e gravador em água forte - tendo nesta especialidade por discípulo a Gregório Francisco de Queirós - militou ainda na república das letras, traduzindo do francês a “Arte de Pintar” de Fresnoy.
Na sua múltipla actividade e aptidão sucedeu a Pedro Alexandrino de Carvalho na pintura dos coches reais, que encheu de deuses de fábula e de várias figuras alegóricas.
Era tão entusiasticamente afeiçoado à sua arte este notável de Guimarães, que na Capital franqueava gratuita e generosamente a sua casa a quantos ambicionavam aproveitar-se das suas instruções pictóricas, acompanhadas sempre de exemplos práticos.
Casado com Antonieta Engrácia de Deus e Silva, desta houve um filho e uma filha. que baptizou com os singularíssimos nomes de Silêncio Cristão e Vigilância Perpétua.
Chegou ao termo da sua carreira laboriosa e brilhante a 30 de Outubro de 1803, guardando-se as suas cinzas respeitáveis no claustro do convento de Nossa Senhora de Jesus, da Ordem terceira da penitência, em Lisboa.
[João Gomes de Oliveira Guimarães, in O Espectador, n.º 5, Guimarães, 29 de Novembro de 1883]
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